Primeiro-ministro da Eslováquia baleado: entenda o que se sabe até agora sobre o atentado

16/maio 13:25
Por Redação / Estadão

O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, foi baleado cinco vezes na quarta-feira, 15, no ataque mais grave a um líder europeu em décadas. As autoridades disseram que o ato foi uma tentativa de assassinato com motivação política, alimentando temores de que a política cada vez mais polarizada da Europa possa levar à violência.

Fico passou uma cirurgia de emergência depois de ser gravemente ferido em uma cidade no centro da Eslováquia. Funcionários do hospital e do governo disseram nesta quinta-feira, 16, que a condição de Fico se estabilizou durante a noite, mas permanece grave.

Um suspeito do assassinato do primeiro-ministro foi acusado do crime, segundo o ministro do Interior do país, descrevendo-o como um “lobo solitário” que se radicalizou após as eleições presidenciais do mês passado. A polícia prendeu o atirador, Juraj Cintula, de 71 anos, que seria ultranacionalista e simpatizante de um grupo paramilitar pró-Rússia.

Como o atentado aconteceu?

Vídeos da cena indicam que Fico foi baleado na Praça Banikov, no centro da cidade de Handlova, onde o primeiro-ministro realizou uma reunião do governo.

O agressor é visto nos vídeos parado com outras pessoas atrás de uma barreira de metal antes de dar um passo à frente e atirar em Fico.

Fico caiu para trás em um banco após ser atingido, e os agentes de segurança o empurraram para dentro de um carro preto. O primeiro-ministro foi transportado de avião para um hospital em Banska Bystrica, uma cidade perto de Handlova, segundo autoridades eslovacas.

Qual é a condição de Fico?

A condição de Fico estabilizou durante a noite e os médicos estavam realizando mais procedimentos em um esforço para melhorar o seu estado de saúde, segundo o vice-primeiro-ministro Robert Kalinak na manhã desta quinta-feira 16, em uma coletiva de imprensa fora do hospital onde o primeiro-ministro está sendo tratado.

Miriam Lapunikova, diretora do hospital, disse que Fico passou por cinco horas de cirurgia devido a vários ferimentos. Ela disse que o estado dele continuava “verdadeiramente muito grave” e que ele permanecia na unidade de terapia intensiva.

Quem é o atirador?

Autoridades do país europeu apontaram que um suspeito foi indiciado pelo atentado. As autoridades não identificaram o suspeito, mas afirmaram que as evidências iniciais mostravam que o ato tinha “claramente” motivação política.

“Pela primeira vez nos 31 anos da nossa república democrática soberana, aconteceu que alguém decidiu expressar uma opinião política não numa eleição, mas com uma arma na rua”, escreveu Matus Sutaj Estok, ministro do Interior da Eslováquia, no Facebook.

A polícia prendeu o atirador, Juraj Cintula, de 71 anos, que seria ultranacionalista e simpatizante de um grupo paramilitar pró-Rússia.

Quais foram as reações?

Na Eslováquia, a tentativa de assassinato aumentou a polarização em um cenário político já dividido, com os aliados de Fico acusando os oponentes de terem “sangue nas mãos”. Lubos Blaha, representante do partido de Fico, Smer, disse que os opositores e o que ele chamou de “a mídia liberal” “construíram uma forca” para o primeiro-ministro.

No exterior, o atentado rendeu condenações de líderes mundiais, incluindo o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Putin elogiou Fico, que expressou opiniões pró-Rússia, e disse que “este crime monstruoso não tem justificativa”. Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria e aliado de Fico, disse que estava “profundamente chocado com o ataque hediondo contra o meu amigo”.

As condenações também vieram dos Estados Unidos e da União Europeia. O presidente americano Joe Biden chamou o atentado de “ato horrível de violência”, e Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, chamou o ataque de “vil” nas redes sociais.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, que tem enfrentado a diminuição do apoio da Eslováquia apesar de ter entregue caças à Ucrânia quando a guerra começou, também condenou o ataque.

Quem é Robert Fico?

Fico, que é primeiro-ministro há mais tempo do que qualquer outro líder eslovaco, apresentou-se como um lutador do homem comum e um inimigo das elites liberais. Tal como Orbán, da Hungria, Fico se opõe à imigração de fora da Europa e à ajuda à Ucrânia.

Começou a sua carreira política de três décadas na esquerda, mas ao longo dos anos abraçou opiniões políticas de direita, tal como o seu partido, o Smer.

Fico serviu anteriormente como primeiro-ministro de 2006 a 2010 e de 2012 a 2018. Ele foi deposto em meio a protestos de rua em 2018 pelo assassinato de um jornalista que investigava a corrupção no governo, mas foi reeleito no ano passado após uma campanha em que ele assumiu posições pró-Rússia, prometeu conservadorismo social, nacionalismo e generosos programas de assistência social.

Os seus críticos descreveram alguns dos planos de Fico como tentativas de devolver a Eslováquia aos tempos repressivos soviéticos e criticaram os esforços do seu governo para reformar a televisão estatal.

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