Primeiro, o bem comum

26/06/2018 08:39

Em verdade, o que está em jogo no mundo, no país ou na nossa Petrópolis, no âmbito dos governos ou das pessoas, é o choque entre a filosofia do “Mateus, primeiro os teus” e o conceito do Bem-comum. O time de Mateus tem ganhado todas, o egoísmo prevalece disparado e o coletivo parece uma tolice que sumiu no tempo junto com o cooperativismo,  a visão Missioneira da prática religiosa, o anarquismo, o idealismo político, a Utopia, a fraternidade, a solidariedade, o Nós Todos.

Reduzimos a grandeza do pensamento abrangente aos nossos interesses pessoais. Já a Constituição Federal, no que se refere aos temas eleitorais e partidários, sucumbiu à ganância mesquinha das siglas, que armaram a arapuca onde caiu toda a nossa administração pública; hoje, o grande escopo é o enriquecimento pessoal, arrecadar grana para conseguir mais grana, que atrairá ainda mais grana. Para que? Para festas idiotas de guardanapos na cabeça, coleção de carros luxuosos e residências de irar o fôlego do hóspede… Como se fosse possível almoçar duas ou mais vezes a cada dia! 

No nosso Município, sabemos que não iremos a lugar nenhum até colocarmos os planos de governo quadrienais no seu devido lugar (a cesta de papéis) e falarmos do que realmente importa: dívidas públicas, estrutura da máquina, Câmara pródiga em gastos e avara em trabalho, RPPS insuportável, efetivos que atendem aos interesses partidários e impedem os investimentos indispensáveis, descontinuidade que inviabiliza qualquer política pública digna do nome, irregularidades sem fim (prorrogação do contrato da Cia. Águas do Imperador, LOM e RI jamais publicados, por exemplo)… Sem que estas questões sejam equacionadas – e nenhum Prefeito eleito por partido tradicional o fará por não lhe ser permitido pelas diversas retaguardas respectivas – nenhuma política voltada para o bem comum será colocada em prática por simples  falta de recursos. Ficaremos nós a falar da mobilidade urbana a ser alcançada com o dinheiro que o Governo federal quebrado e endividado, ou o Governo estadual quebrado e endividado nos repassarão. 

Quando a sociedade civil propôs a organização do Instituto Koeler nos moldes do IPPLAP de Piracicaba, nem o Prefeito Rubens Bomtempo nem o Prefeito Bernardo Rossi, dizem que “rivais” um do outro, sequer tiveram a elegância de dizer não. Até porque deveriam ter que explicar os seus motivos, que parecem situar-se na área da Coperlupos, menina dos olhos de muitos vereadores. Que exploda o Município para a alegria dos ungidos. 

Eu confesso não ter ânimo para cuidar da LUPOS cujo projeto participativo foi estuprado pela Câmara, quando vejo o INK largado às traças e os temas realmente importantes do Município deixados fora do alcance popular.  Sou apenas um ancião ranzinza, quem sabe se incapaz de ver a atual beleza das coisas. Mas o meu sentimento é que nunca antes, na História deste país, o egoísmo prevaleceu tanto sobre o Bem-comum. 

Que fique o INK para lá enquanto brincamos de rever a LUPOS que a Câmara tornará a deixar a seu jeito. Pobre Petrópolis e pobre povo daqui. Vão ter mais do mesmo por muito tempo, se continuarem mudos e calados.

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