Professoras petropolitanas falam do orgulho da profissão, dos desafios na pandemia e da saudade de conviver com os alunos

15/10/2020 10:38

O ano de 2020 trouxe novos desafios para os professores. Após sete meses da adoção de medidas de distanciamento social e suspensão das aulas presenciais, professoras petropolitanas falam do orgulho da profissão, dos obstáculos da “sala de aula online” e da saudade de conviver com os alunos. Nesta quinta-feira (15) é comemorado do Dia do Professor.

A Professora Cristiane Henriques, que leciona há 18 anos, se lembra com carinho de cada aluno que passou por suas turmas. “Muitos são advogados, médicos, militares e alguns se tornaram até colegas de profissão, e isso não tem preço. Alguns nomes ecoam até hoje na minha cabeça. E saber que em algum momento deixei uma sementinha no coração  de cada um me faz perceber que fiz a escolha certa. Mesmo em um país onde a educação não é valorizada, não consigo me ver em outra profissão”, diz.

Tanto amor pela profissão não podia resultar em outra coisa além da saudade de conviver com os alunos. “Nada se compara ao contato físico de cada dia, o carinho, os beijos e os abraços. Mas estamos fazendo o melhor de nós, porque, pelo menos eu e a maioria dos professores, sabemos que educação com amor liberta e pode salvar do mundo. E não será nenhum vírus que mudará os nossos valores e a nossa missão”, diz Cristiane.

Para Elaine Mayworm, que começou a carreira como jornalista, entrou para a faculdade de Letras com o objetivo de se aperfeiçoar e atuar no mercado editorial, mas acabou apaixonada pela sala de aula durante um estágio, a educação é um ato de amor. Atualmente ela leciona em um curso voltado para o audiovisual e se considera realizada por poder, diariamente, dividir novos conhecimentos com os estudantes.

“Eu aprendo com meus alunos, sou mediadora de um conhecimento que eles não têm, novas maneiras de argumentar, de preparar um texto ou um roteiro. A educação é um bichinho que morde a gente e nunca mais se cura. Desempenhar essa profissão hoje, principalmente com tanta crítica no papel do professor, é realmente amor”, conta.

Eliane ainda destaca que, além de mediar o conhecimento, o professor também tem o papel de motivar o aluno, debater. “É um desafio! Principalmente porque, em muitos momentos, nem estamos vendo aqueles alunos, devido às questões de internet, câmeras desligadas, a perda do olho no olho. A reorganização do conhecimento para as plataformas acabou tendo que acontecer e nós seguimos na missão de proporcionar o melhor pra eles, sempre com cuidado, atenção e amor pelo que fazemos”, ressalta.

A saudade do convívio com os alunos em sala de aula também foi destacada pela professora Jessica Brito, que é formada em Matemática e atualmente dá aulas de informática. “Mesmo com as condições não favoráveis, devido à falta de investimento na Educação, que saudade de de olhar no olho dos alunos, rir com eles, chamar a atenção deles, ter contato alguns dias da semana! O que de certa maneira me conforta é saber que meus alunos estão bem e com saúde, e que o ano já está acabando. Espero que a vacina venha logo para poder retornar à sala de aula e ver meus alunos”, destaca.

Mas a pandemia também trouxe outros desafios para Jessica, que nesse período precisou lidar com a perda de dois contratos de aulas em outras unidades escolares e com os novos impasses trazidos pelas aulas online. “Ser professor em meio a esta pandemia tem sido um desafio. Você acaba ‘entrando’ na casa do aluno, da mesma maneira que o aluno acaba ‘entrando’ em sua casa.  É difícil manter o foco dos alunos em você, visto que eles estão em seu local, que deveria ser apenas de descanso e lazer. Tenho me sentido engessada. A Jessica da sala de aula é diferente da Jessica da aula online, infelizmente. E por mais que eu tente mudar, fazer algo diferenciado, o sentimento que me dá essa “atrofia” volta à tona. Eu sou professora, minha praia é lidar com os alunos olho a olho”, conta. 

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