Projeto Cidade-universitária pode acelerar desenvolvimento de Petrópolis

12/06/2016 07:00

Petrópolis experimentou nas duas últimas décadas mudanças significativas com relação a oferta de cursos de ensino superior. Além de se destacar pela presença de universidades tradicionais como a Universidade Católica de Petrópolis (UCP), fundada em 1953, e a Faculdade de Medicina (FMP), que em 2017 completa 50 anos, o município conquistou o sonho da universidade pública, com a inauguração do curso de engenharia de produção na Universidade Federal Fluminense (UFF), no Quitandinha. Já no início desse ano foi instalado curso de arquitetura da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que está em greve por conta das dificuldades financeiras enfrentadas pelo estado. Atualmente, são mais de 13 instituições de ensino de nível superior, que atendem, aproximadamente, 20 mil alunos e empregam mais de 2 mil pessoas. Todos esses fatores fortaleceram o projeto de criação de uma cidade-universitária a fim de gerar a médio e longo prazo desenvolvimento econômico e intelectual, fatores essenciais para atrair empresas de grande porte, que podem se beneficiar da mão de obra qualificada. 

Maria Isabel de Sá Earp, diretora da Faculdade de Medicina, defende esse projeto, que já foi apresentado ao Conselho Municipal do Turismo (Comtur) e ao Petrópolis/Tecnópolis. Para ela, desde que o pai Arthur de Sá Earp fundou a FMP já vislumbrava o potencial do município para a consolidação desse polo. A diretora acredita que hoje essa ideia está madura e a cidade possui condições de implantá-la. Além disso, destacou que é preciso um alinhamento entre as instituições que atuam no município e também dos segmentos produtivos e sociais, o que inclui comércio, hotelaria, turismo, sindicatos e indústrias. 

A FMP/Fase possui cerca de 2 mil alunos matriculados e atrai estudantes de todo o país, o que engloba estados como Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás e Paraná. É importante destacar que esse número quadruplicou nos últimos 16 anos, passando de 500 na época em que existia apenas a FMP, para 2 mil. Número que foi crescendo gradativamente, após  a inauguração da Fase, em 1998.

Esses estudantes movimentam diretamente a economia do município porque acabam se instalando seja em repúblicas, ou alugam imóveis, fazem compras nos supermercados, consomem nos restaurantes, ou seja, passam a agir como moradores da cidade. Quem se beneficia são os comerciantes, como Diana Satyro. Há 19 anos o pai dela abriu um bar na Barão do Rio Branco e, desde 2013, precisou ampliar o espaço. No bar, vendia almoço, mas em uma quantidade tímida, entre 5 e 10, por dia. Com a instalação da FMP/Fase naquela região, foi preciso expandir. “De repente passamos a vender 100 pratos em um dia e tivemos que ocupar outro espaço, que é maior, para atender o público”, contou Diana. O estabelecimento funciona de segunda a sábado e durante as férias dos estudantes da faculdade, o movimento cai cerca de 50%. “Não há dúvida de que nosso crescimento foi em função da faculdade”, destaca.

O poder público aprova e apoia o conceito de cidade-universitária, como potencial induzido, que pode trazer muitos benefícios nos próximos anos. O prefeito Rubens Bomtempo lembra que desde quando cursou a faculdade de medicina na década de 1980 percebeu que o curso traz muitas pessoas que impactam diretamente na economia. Como fortalecimento do setor nos últimos anos ele citou a instalação do Cederj, CEFET, da Universidade Estácio de Sá, UFF e também do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), que funciona no Quitandinha. “Com a vinda desses cursos universitários tanto de graduação, quanto pós, mestrados e doutorados foi criado um ambiente favorável para a construção desse polo universitário. Primeiro foram criadas as condições para receber esses estudantes, depois teremos como desafio criar oportunidades para que essa mão de obra seja absorvida. Com a oferta de cursos estamos criando um capital humano de qualidade, que é o que as empresas vão procurar em médio prazo”, disse.

Para o prefeito, esta é uma vocação que foi induzida e está se consolidando aos poucos. “Ao mesmo tempo é quase natural. Estamos muito próximos do Rio e oferecemos mais qualidade de vida no que diz respeito a segurança, menor curto e um clima diferenciado”, observou. Para ele, a partir da união das instituições o poder público incentiva e apoia a construção de propostas coletivas de seminários e eventos científicos e até esportivos, sediados na cidade. 

Para Ricardo Tammela, coordenador de projetos e extensão da FMP, com a implantação de um projeto de cidade-universitária haverá uma pressão positiva sobre toda a cadeia de ensino, desde o fundamental. Maria Isabel reforça que será uma maneira de resgatar o nível de qualidade das escolas. “A proposta conversa com todos os setores. Sejam eles educacionais, culturais e/ou produtivos”, afirmou. 

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