28/06/2022 08:00
Por Rafael Cataldo

Começando a Investir a prática

Depois de falar do tabu de começar a investir em meu primeiro artigo, vamos ao passo a passo prático para quem deseja começar a investir e alguns pontos a serem observados nesse momento.

A primeira observação a ser feita, investir o quê?

Vamos escutar alguns dizendo: “O que investir se não sobra nada meu amigo?”

A grande maioria das pessoas pega suas receitas, paga as contas, gasta em lazer e outras coisas e depois de tudo isso, se sobrar, investe.

O que são estas outras coisas: são premiações rápidas.

São um jantar em um restaurante bacana, a  cerveja com os amigos, uma viagem, uma roupa nova, um presente ao ente querido… são congratulações por merecimento rápido. Essas pessoas pensam: “Recebi agora, me premio agora. Eu mereço”. 

Lhes afirmo que exercitar o merecimento é bom, mas não é desta forma que deve ser feito.

Quero lhes apresentar um conceito que a tradução literal em português é “premiação tardia”.

O ideal é pagar as contas, investir, e o que sobrar utilizar nas outras coisas.

Isso é uma premiação tardia. É trocar o imediatismo por uma recompensa posterior.

A cerveja com os amigos, a bolsa na vitrine, a viagem do fim de semana… Podem e devem ser realizados de forma ainda mais impactante em sua vida mas em um futuro próximo. Isso é investir em você mesmo.

Segunda observação, derivada da primeira: não é “tempo é dinheiro”, na verdade “dinheiro é tempo”.

Esqueça o jargão “quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro”.

Primeiro motivo/caso prático:

Imagine uma pessoa com um salário de R$ 2.500,00.

Quinto dia útil do mês recebe seu salário e seu VR.

Vai ao restaurante de sua preferência e gasta R$ 140,00 no seu lazer com sua companhia preferida em uma recompensa rápida pelo seu suor do mês passado.

R$ 2.500,00 por 44 horas semanais, logo são em torno de 176 horas no mês e por consequência R$ 14,00 por hora trabalhada.

Em duas horas essa pessoa gastou o equivalente a 10 horas de trabalho. Saldo negativo de tempo.

Deixar de gastar hoje pode lhe permitir comprar algo que realmente precise amanhã.

A terceira observação: quando investir?

Começar cedo é o ideal, mas nunca é tarde para começar. 

Vamos fazer outro exercício de imaginação com 3 investidores fictícios.

Todos com foco no projeto do primeiro milhão, muito na moda hoje em dia.

O primeiro nunca investiu, mas recebeu uma aplicação financeira que seu pai começou a fazer desde seu nascimento, onde fez aportes mensais de R$ 150,00 até os seus 20 anos de idade.

O segundo começou a investir aos 20 anos de idade, quando conheceu o primeiro ao entrar na faculdade, e passou a realizar aportes de R$ 300,00 até seus 65 anos de idade.

O terceiro começou a investir aos 40 anos de idade, com contribuições mensais de R$ 900,00 também até seus 65 anos.

Qual deles atingiu seu Primeiro Milhão? 

Quem conquistou essa meta primeiro?

O gráfico acima tem o primeiro (cinza), o segundo (azul) e o terceiro (vermelho).

Resumo, quem começa mais cedo multiplica mais seu patrimônio.

Mesmo investindo metade do segundo investidor e 6 vezes menos que o terceiro e ainda por um período menor que os dois, o investidor que começou mais cedo atingiu o primeiro milhão 5 anos antes do segundo colocado apenas porque sua reserva financeira ficou aplicada por mais tempo apesar de sem aportes depois dos seus 20 anos.

Então concluímos que começar a investir mais cedo é sempre o melhor cenário.

Mas nem sempre este melhor cenário acontece.

Então adianta investir tardiamente? Sim, é melhor do que nunca investir.

A quarta observação a ser feita é: investir sozinho ou investir com uma assessoria?

Considerando a observação anterior, quanto mais tardiamente começarmos a investir mais se faz necessário otimizar essas rentabilidades sobre seus recursos poupados.

Vou tentar lhe introduzir um conceito que se por acaso ainda não conhece irá conhecer agora: Mastermind.

Este conceito de Napoleon Hill é a Mente Mestra. Considero que é um nome bonito dado ao velho ditado popular “Duas cabeças pensam melhor que uma”.

Por este conceito, que pode ser aplicado à diversos projetos de sua vida colocando mentes de sua confiança para colaborar a favor de seus resultados, podemos deduzir que investir com assessoria é melhor que investir só.

Sem dúvida ter um assessor para lhe orientar a diversificar sua carteira de acordo com sua fase e objetivos de vida é o melhor caminho.

Mas por que este é o melhor caminho? Aqui a palavra-chave é tempo.

A grande maioria das pessoas não tem o tempo necessário para se inteirar de informações essenciais para investir.

Informações necessárias para: 

– complementar sua visão de vida e finanças com informações sem um viés emocional que prejudique tomadas de decisões que envolvam sua vida financeira;

– praticidade para montar um portfólio de produtos diversificado de acordo com seu perfil e momento de vida;

– confiança para analisar e rebalancear as carteiras de investimentos regularmente.

Ainda no dilema de investir sozinho ou assessorado, você deve realizar uma observação sobre os custos para investir.

Custos implícitos e custos explícitos.

Não é só olhar a rentabilidade de um ativo, aplicar e monitorar.

Taxas de administração, custódia, imposto de renda, custo do serviço de assessoria… estes são custos gerais. Tudo deve ser considerado para não corromper sua rentabilidade.

Hoje temos opções de apoio e orientação para investir:

– investir só, buscando informações e gastando seu tempo que deveria ser voltado às suas ações para gerar novas receitas;

– gerentes de bancos, comprometidos com seus próprios resultados, muitas vezes moldados na correria do varejo bancário que lhes leva à pouca informação, pouca atenção ao cliente e portfólio restrito. Estes profissionais têm seus salários pagos independentemente de qualquer resultado proporcionado ao cliente;

– escritórios de investimentos, onde especialistas trabalham para seu patrimônio ser rentabilizado, para que assim sua experiência seja favorável a cada vez investir mais e ainda indicar novos clientes. Estes escritórios de investimentos e seus assessores são remunerados em um percentual dos ativos que fazem gestão. Assim, quanto mais ativos e maior rentabilidade ao cliente melhor para ambas as partes;

– e temos ainda uma vertente, de empresas e fintechs que cobram um valor para iniciar e acompanhar seus investimentos independentemente de onde estão investidos. Prometem imparcialidade mas na prática como cobram o serviço direto ao cliente não podem prometer rentabilidade. São orientadores, facilitadores de informações mas não detém o produto em si para lhe entregar o resultado.

Como colunista e profissional de um mercado no qual acredito, obviamente minha indicação é a terceira opção, desde que o cliente conte com uma assessoria imparcial, dedicada ao seu perfil e ainda lhe proporcione soluções financeiras em todos os outros negócios da vida do cliente. Não basta apenas ser atencioso e relacionamento com  cliente, ter informações ou produtos privilegiados se não conseguir entregar resultados em todos os âmbitos da vida do cliente. É um giro 360 graus pois a vida é dinâmica. Um período da vida podemos ter recursos de sobra e já mais a frente na vida podemos demandar recursos para outros negócios. Ter soluções em todas as vias é um diferencial. A mão dupla é essencial e o conceito de reciprocidade é aplicado em tudo na vida.

Conclusão

Comece a investir o mais cedo possível.

Caso não tenha sido possível, comece já.

E em qualquer caso, otimize seus recursos e conte com pessoas de confiança em todos os seus projetos.

P.S. É uma coluna semanal. Um trabalho para médio e longo prazo. Sementes plantadas. Nos próximos artigos, após as pílulas introdutórias dos dois primeiros, vamos colocar a mão na massa. Vamos sair da subjetividade e vamos aos casos concretos de produtos, serviços, dicas, vieses e tendências e tudo do mais concreto para investimentos. 

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