Projeto propõe cooperativa de exportações para Petrópolis

05/09/2019 19:43

“Exportar é o que importa”. A célebre frase criada ainda na década de 60 pelo ex-Ministro da Fazenda, Delfim Neto, nunca esteve tão em alta nesses tempos de crise econômica. Com o mercado interno enfraquecido, a saída para os empresários pode ser a venda de produtos para o exterior e é justamente essa proposta que um jornalista carioca, radicado em Petrópolis, deseja: a criação de uma cooperativa local para negociar a produção local para o exterior.

A ideia foi lançada nesta semana por Roberto Nóbrega, jornalista que desde a sua juventude trabalha com o comércio exterior e relações internacionais. Segundo ele, Petrópolis tem itens diversificados e de alta qualidade, que poderiam entrar num escopo de um programa para vendas a outros países, em especial ao Mercosul. Para isso, a criação de uma cooperativa reuniria empresários dos mais diversos setores para serem divulgados lá fora, por consequência, abrir novas perspectivas de ganhar dólares.

O mecanismo a ser utilizado seria um modelo já existente: o Canal Exportação. Criado por Roberto Nóbrega, a instituição percorreria feiras e exposições internacionais de diferentes temas, com portfólios das empresas com seus produtos e tudo mais. Através da apresentação, Petrópolis – cujo apelo por ser uma Cidade Imperial – impulsionaria novos negócios, ao oferecer soluções para uma demanda global nas áreas que poderiam ir desde a venda de malhas até bijuterias e alimentos. 

“Com o advento da internet, ficou mais fácil para todo mundo divulgar tudo a seu respeito. Com os negócios são a mesma coisa. Existem feiras, exposições e congressos que são excelentes pontos para mostrar seus produtos. Petrópolis só tem a ganhar com isso. A minha proposta é unir os empresários de diferentes setores para que, em exposições internacionais, possamos expor os produtos para abrir as exportações, o que pode representar um ganho econômico importante em um momento delicado para o Brasil”, explicou Nóbrega.

No próximo dia 22, Roberto Nóbrega embarca para Buenos Aires, onde vai participar de uma feira de petróleo e gás que contará com a presença de algumas das mais importantes empresas do setor do mundo. Lá, existe a expectativa da geração de milhões de dólares em intercâmbios comerciais e vários estandes serão montados para promover os negócios. Ele explicou que participa desse e de muitos outros eventos em que é possível fechar acordos. Existe a previsão de mais viagens, como essa que fará nas próximas semanas, até o final do ano.

A cooperativa é inspirada em um modelo de negócios da Índia, país que nas últimas décadas cresce economicamente graças, também, a abertura econômica e vendas para o exterior. A título de um exemplo, o Brasil vem se caracterizando como país importador de Software. No país, existem muitas firmas de software. Na Índia, há cerca de milhares de empresas desse segmento. Entre as brasileiras, os negócios renderam US$ 100 milhões em exportações, mas na nação asiática calcula-se a cifra de US$ 5,1 bilhões.

Colégio local serviu de inspiração e viagem com dois presidentes – Roberto Nóbrega é carioca, mas quando ainda era adolescente estudou no internato do antigo Colégio São Vicente, no Valparaíso, onde o contato com padres europeus o fez desenvolver rápido a aptidão por aprender outras línguas. Aos 17 anos, lia e escrevia cartas em francês para amigos e autoridades na Europa, o que levou a trabalhar com a exportação. Esse dom, aliás, impulsionou sua carreira na área da exportação e relações exteriores. 

Seu primeiro trabalho para o governo aconteceu ainda na presidência do ex-ditador João Batista Figueiredo, com quem teve a oportunidade de fazer viagens importantes para o exterior, levando-o a morar em diversos países. Nos anos seguintes, ele – que tem como inspiração profissional o ex-super Ministro Delfim Neto – foi um dos responsáveis pela criação da Apex (Associação de Produtores de Exportação) – no Governo Fernando Henrique Cardoso em 1996, com quem teve a oportunidade de aprender ainda mais sobre o assunto. Em 2010, fez parte da comitiva de um ex-ministro do Governo Lula ao Irã, uma das primeiras tratativas com a nação persa na abertura de produtos brasileiros para lá. 

Ao abordar questões relacionadas a recentes acordos do Brasil com o exterior, Nóbrega afirma que o Brasil pode, sim, faturar com a chamada guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, mas teme os recentes problemas envolvendo declarações estapafúrdias do Presidente Jair Bolsonaro a outros chefes de estado. “Temos excelentes produtos e uma pauta de exportação enorme. Podemos ter a oportunidade de aproveitar a guerra comercial da melhor forma, oferecendo produtos aos países como alternativas. O problema é que o governo não tem feito bem seu papel e essas declarações de Bolsonaro só atrapalham, pois cria-se um ambiente negativo para diálogo”, finalizou.

 

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