Propriedade, função social, história oculta

07/07/2016 14:30

Por vezes, quando alguém retoma um tema como o de discorrer sobre a função social da cidade e de sua propriedade, na condição de historiador calafrios me acometem, inquietações, principalmente acerca de razões, ideias, ideologias que conduziram a esta retomada, ainda mais se alegarem que justos serão "destombamentos" patrimoniais. As imposições autoritárias sempre se impuseram em pleno processo democrático, fossem de direita como de esquerda.

Questionado, argumentaria parafraseando o falecido amigo Raul Lopes: "Sob que contextos? Atendendo a quais interesses, motivos?"

Toda a cidade se revela, mas nem todo cidadão de imediato é revelado, por tal sempre recorro a Gabriel Fróes, Eppinghaus e seus paradigmas locais que nos possibilitam rever as décadas republicanas em Petrópolis, por relatos ou funções.

Estudar a história da cidade é possibilitar uma forma de revisitar seus fatos, acontecimentos, objeto de minha predileção, assim como de outros, neste ou em outros rincões, no hoje ou no amanhã. Portanto, posso concluir que ninguém ou nada se encontra livre do crivo das pesquisas históricas, assim como de biografias ou do "gorjeio" cultural de uma população.

Le Goff argumentou que mesmo em ruínas, elas, as cidades, como se indivíduos fossem, semoventes, murmuram memórias por suas pedras (Halbwachs), constituindo verdades que se reproduzem em histórias que por seculos realizam sua função.

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