Provérbios e brocardos

29/03/2023 08:00
Por Fernando Costa

Desde tenra idade ouvia ditos populares e foram gravados no subconsciente e na história. A vida se encarrega de construí-los e cristalizá-los diariamente. Aprendi a conviver com eles. Mais tarde, sobretudo, nas aulas de português das professoras primárias Geny Zillig Gac, Sebastiana do Carmo e Souza, Alfredina Faria Egypto Cerqueira, Sylvia Pinheiro de Siqueira, Philadelphia Batista Reis e Alice Maria Zillig Gac essa tarimba amadureceu em forma e conteúdo.

No interregno entre o admissão e o ginásio, o professor Manoel Juventino formava a convicção e o conhecimento da criança ávida em vislumbrar um mundo novo. A seguir, no período ginasial as aulas de português dos professores Delfino da Silva Monteiro, David Ferreira Luz, José Milbert Macau e Francisco José Monteiro Junqueira (era a cadeira de Direito Usual, mas, havia aprofundamento nas searas da lusofonia, ética e legislação aplicada) e por curto período, também, Joaquim da Costa Barros. 

As aulas de Lógica e Arte da Expressão, no primeiro ano da Faculdade de Direito, em 1970, ministradas pelo professor Carlos Alberto Werneck estão presentes na retina e reminiscências como se fossem hoje. Vez por outra surgiam os brocardos, aforismos, provérbios, rifões ou sentenças como popularmente os cognominamos.

Os axiomas eram comuns entre amigos ou durante as explanações curriculares. As expressões e frases eram consideradas sábias. São passados nas diversas gerações e permanecem em evidência, pois, transmitem conhecimentos e experiências. Ajudam a entender os comportamentos e fatos: “Há males que vêm para o bem.” Esses provérbios, em geral frases curtas nascem do povo e se os observarmos, neles encontraremos o ritmo, a rima, além das imagens, em geral ricas e reveladoras. Eles traduzem a realidade social e, por vezes, o cunho moral.

A palavra adágio é a tradução de “adage” (inglês),  um aforismo, um ditado. Ele é conciso e memorável.  Deriva de experiência e costume. É de cunho filosófico. Oscar Wilde, por exemplo, disse: “A alma é uma terrível realidade: pode se comprá-la, vende-la, trocá-la; pode-se envenená-la ou aperfeiçoá-la.” Quem não ouviu pelo menos uma vez esta pérola de Cícero: “O rosto é o espelho da alma?” O pensador Emerson disse “A única maneira de ter amigos é ser amigo.” Ciro dizia: “A prosperidade faz amigos, a adversidade os põe à prova.”

Em casa, junto a meus pais e irmãos, no bairro e na cidade onde nasci e cresci, ouvi e ainda ouço de pessoas do ciclo de relações cotidianas e de transeuntes: “Quem a meus filhos beija a minha boca adoça.” “Por causa do santo a gente beija a pedra.” “Onde há fumaça, há fogo.” “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.” “Antes só do que mal acompanhado.” “As aparências enganam.” “A pressa é inimiga da perfeição.” “À noite, todos os gatos são pardos.” Neste diapasão, ao compulsar as Sagradas Escrituras é possível encontrar pérolas literárias, filosóficas e conselhos que edificam, educam e exortam, tais como, “A César o que é de César, a Deus o que é de Deus” ou “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.” (Pr.3,5-6). “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Pr. 22:6). “Quando morre um idoso, perde-se uma biblioteca” “O dia da morte é mais feliz que o dia do nascimento.” “Quem se humilha, será exaltado; e quem se exalta será humilhado.”  O povo forma a nação, território ou sociedade, em geral fala a mesma língua, possui costumes e comungam em geral de interesses semelhantes deixam marcas na história e tradição. Ao se fortalecer culturalmente exercem sua vontade e direitos mantendo acesa a chama de seus clamores convicta, “Vox populi, vox Dei”.

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