PSDB de Minas ignora aliança com Simone Tebet e vai apoiar Ciro Gomes

21/07/2022 15:25
Por Lauriberto Pompeu / Estadão

O PSDB em Minas Gerais decidiu apoiar a candidatura a presidente do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e descartou reproduzir no Estado o endosso que a cúpula nacional tucana deu à pré-candidatura presidencial de Simone Tebet (MDB). O ex-deputado e nome do PSDB para o governo mineiro, Marcus Pestana, criticou o MDB por embarcar no projeto de reeleição do governador Romeu Zema (Novo) e disse que o PDT vai estar junto com os tucanos em Minas.

“Apoio você tem que ter clareza e coerência, vou apoiar o Ciro Gomes. Nosso palanque será o Ciro. Queremos ainda que o Bivar (presidente do União Brasil e pré-candidato ao Planalto) se incorpore, quero inclusive patrocinar, se possível, um diálogo do Bivar com Ciro. Com a terceira via dividida, as chances são muito baixas”, disse Pestana ao Estadão.

O diálogo entre o PSDB e o PDT se intensificou no final de maio, quando o deputado Mario Heringer, presidente do partido de Ciro em Minas, recebeu o deputado e ex-presidente do PSDB Aécio Neves e o presidente do PDT, Carlos Lupi, para um almoço em sua casa em Brasília. Inicialmente o PDT havia lançado o ex-deputado Miguel Correa como candidato a governador de Minas, mas ele desistiu de entrar na disputa.

Aécio foi a principal voz dentro do PSDB a se manifestar contra a aliança com o MDB em nível nacional. De acordo com ele, a união dos dois partidos atrapalha os tucanos que vão disputar as eleições estaduais.

A Executiva Nacional do PSDB decidiu em junho apoiar a senadora do MDB para a Presidência da República e se encaminha para indicar o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para ser candidato a vice dela. Apesar disso, as duas siglas são adversárias nas disputas para os governos de diversos Estados. Hoje, o único pré-candidato tucano a governador que tem o apoio do MDB é Rodrigo Garcia, que tenta a reeleição em São Paulo.

Pestana disse que o PDT vai poder indicar o candidato ao Senado ou a vice-governador na chapa do PSDB. No entanto, de acordo com ele, uma definição só deve acontecer em agosto, pois os tucanos aguardam respostas dos convites feitos ao União Brasil e ao Podemos para saber a configuração da chapa.

“Certamente o PDT estará na chapa majoritária. A parceria tem que ser uma via de mão dupla, não pode ser unilateral, não pode ser igual o MDB está nos tratando. Temos nove candidatos a governador, eles lutam contra em sete e estão em dúvida sobre o oitavo (Rio Grande do Sul)”, afirmou.

Ciro e Aécio já foram próximos. O candidato do PDT inclusive chegou a defender o nome do mineiro para a disputa presidencial em 2010. Naquele ano, porém, o PSDB decidiu escolher José Serra como candidato. Em 2017, após o caso JBS, Ciro mudou de postura e disse que o tucano era uma “decepção”.

“Há anos que não tenho qualquer tipo de contato com o deputado Aécio Neves. Nem pretendo ter”, disse o pedetista no Twitter no dia 8 de julho.

Uma semana depois, no entanto, ele negou que vetaria diálogo com o ex-governador de Minas. “Não converso com Aécio há muito tempo. Alguém acrescentou na minha frase que eu também não quero conversar. Isso não é da minha arte. A minha arte é conversar, e o que pega é catapora. Não há nada atrasado para conversar”, afirmou o ex-ministro durante visita a Minas. Ciro também disse que as alianças do PDT são conduzidas por Lupi e Heringer e que ele vai respeitar o que for decidido pelo partido.

Mesmo com a pré-candidatura de Pestana, Romeu Zema também tenta atrair o apoio do PSDB para sua reeleição. O governador já disse mais de uma vez que o radialista Eduardo Costa (Cidadania) seria um bom nome para ser seu vice. O Cidadania está junto com o PSDB em uma federação, instrumento que obriga os partidos a terem as mesmas posições em todas as eleições municipais, estaduais e nacionais por no mínimo quatro anos.

Apesar da pressão, Pestana descartou abrir mão de ser candidato. “O Cidadania não tem jeito porque estamos federados e somos majoritários na federação. O PSDB tem um candidato, que sou eu. O Zema vai lá e pinça um nome do Cidadania, que foi recém-filiado e quer que a gente apoie sem conversar com a gente. É uma deselegância e uma inabilidade política”, disse.

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