Putin se compara a Pedro, o Grande, e fala em ‘devolver’ territórios à Rússia

10/06/2022 10:12
Por Redação O Estado de S. Paulo / Estadão

O presidente russo, Vladimir Putin, comparou-se ao czar Pedro, o Grande, na quinta-feira, 9, tentando relacionar o passado imperial da Rússia à atual campanha militar na Ucrânia. “Pedro, o Grande, travou a Grande Guerra do Norte por 21 anos. Parece que ele estava em guerra com a Suécia, que ele tirou algo deles. Ele não tirou nada deles, ele recuperou (o que era da Rússia)”, declarou Putin após visitar uma exposição dedicada aos 350 anos do czar.

“Aparentemente, também coube a nós devolver (o que é da Rússia) e fortalecer (o país). E se partirmos do fato de que esses valores básicos formam a base de nossa existência, certamente conseguiremos resolver os objetivos que enfrentamos”, completou Putin em um comentário televisionado.

Em resposta, um conselheiro sênior do presidente ucraniano Volodmir Zelenski rejeitou o que chamou de tentativa de justificar a invasão e tomada do território.

“O Ocidente deve traçar uma linha vermelha clara para que o Kremlin entenda o preço de cada próximo passo sangrento… vamos libertar brutalmente nossos territórios”, disse Mikhailo Podoliak.

Putin é natural de São Petersburgo, cidade que leva o nome do czar. Pedro expandiu os contornos da Rússia, transformando o país em um império e se declarando imperador. Na virada do século 18, ele lançou a Grande Guerra do Norte, um conflito de mais de duas décadas com o Império Sueco que terminou com a tomada da Rússia de uma faixa do Báltico.

O czar, cujo legado é amplamente popular entre o público russo, é o modelo de líder autocrático que Putin há muito aspira ser, disse Kyle Wilson, que serviu como diplomata australiano na União Soviética.

Putin deixou claro que está “revivendo o sonho imperial russo”, disse Wilson. “E o homem que fez da Rússia um império foi Pedro, o Grande.”

Nos últimos anos, as menções de Putin sobre a história da Rússia aumentou cada vez mais em suas aparições públicas. Em abril de 2020, quando a Rússia entrou em seu primeiro lockdown pela covid-19, ele comparou a pandemia às invasões nômades turcas do século IX da Rússia medieval.

Em julho de 2021, o Kremlin publicou um longo ensaio de Putin em que o presidente argumentou que a Rússia e a Ucrânia eram uma nação, dividida artificialmente. Ele lançou as bases para o envio de tropas para a Ucrânia.

No período que antecedeu o que a Rússia chama de “operação militar especial”, Putin culpou Lenin, o fundador da União Soviética, por criar a Ucrânia no que disse ser um território historicamente russo.

Em contrapartida, ele elogiou Josef Stalin por criar “um estado fortemente centralizado e absolutamente unitário”, mesmo reconhecendo o histórico de repressão “totalitária” do ditador soviético. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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