Quase 15 mil pessoas aguardam por exame de ultrassonografia na rede municipal

02/12/2019 11:20

Quase 15 mil pessoas estão na lista da Central de Regulação da Secretaria Municipal de Saúde aguardando para fazer uma ultrassonografia. O número assustador foi divulgado pela defensora pública Andrea Carius em entrevista à Tribuna na última sexta-feira (29). Além desse exame, a fila por uma endoscopia digestiva também causa espanto, são 4.968 pacientes esperando ser chamados. Outros dados chamam atenção: para uma simples radiografia, são 4.212 pessoas na fila. Aguardando por uma ressonância magnética, são 3.878 pacientes e por uma tomografia, 4.351. Apesar de os dados terem sido fornecidos pela própria prefeitura, o governo afirma que eles incluem, entre outros casos, demandas reprimidas e expiradas, e que busca os dados reais.

 

Para pôr fim à fila gigantesca de ultrassonografia, por exemplo, a prefeitura teria que realizar, todos os dias da semana – de segunda a domingo – dois mil exames diários por quase dois meses. A quantidade de pessoas aguardando pelo procedimento é maior que a quantidade de moradores do distrito da Posse – atualmente são pouco mais de 10 mil habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

O levantamento foi solicitado no fim de outubro e entregue à defensoria este mês. “Muitas pessoas estavam nos procurando, solicitando ajuda para conseguir realizar os exames. Percebi que havia algum problema e solicitei os dados à prefeitura. Quando vi, fiquei chocada com a quantidade de pessoas aguardando por exames considerados simples”, comentou Andréa Carius.

 

Para a defensora, a dívida com clínicas conveniadas e equipamentos quebrados pode ter sido o motivo para uma fila tão expressiva. “Tivemos informações de que algumas clínicas conveniadas suspenderam o atendimento por falta de pagamento. Além disso, alguns equipamentos do Hospital Alcides Carneiro (HAC), por exemplo, quebraram”, citou.

 

A listagem entregue pela prefeitura conta com 30 exames e boa parte deles é realizada no HAC. Procedimentos como colonoscopia, ecocardiograma e teste de esforço também estão com longas filas de espera: há mais de mil pessoas aguardando para serem chamadas. “Vou fazer recomendações à prefeitura para que encontre meios de reduzir essas filas e, caso os prazos não sejam cumpridos, uma ação contra o governo municipal será ajuizada”, informou a defensora. 

 

 

Mais de 12 mil pessoas esperam por consultas de ortopedia, psiquiatria e urologia

 

O levantamento solicitado pela Defensoria Pública à pefeitura também conta com números estarrecedores de pessoas aguardando por uma consulta de primeira vez para ortopedia, psiquiatria, neurologia adulto e urologia. Para essas três especialidades, são assustadores 12.039 pacientes na fila de espera. 

 

A situação na ortopedia é a mais grave. De acordo com dados da Central de Regulação, são 4.783 pessoas aguardando para serem chamadas. Os atendimentos são feitos no Hospital Alcides Carneiro (HAC) e no Hospital Municipal Nelson de Sá Earp (HMNSE). “É outro número que assusta e que a prefeitura vai ter que tentar resolver. Se há falta de médicos, o que deve ser feito para reduzir esta fila?”, questionou a defensora Andréa Carius.

 

As filas para psiquiatria e neurologia adulto também são expressivas, são 2.413 e 2.744 pessoas, respectivamente, aguardando pelas consultas. Já para a urologia, são 2.099 pacientes na espera.

 

 

O que diz a prefeitura?

 

Embora os números tenham sido apresentados pela secretaria de Saúde à Defensoria Pública, a assessoria de imprensa da prefeitura informou, por meio de nota, que a quantidade de pessoas na fila de espera para a realização de exames pode ser menor, uma vez que a listagem inclui “números das demandas reprimidas e expiradas, ou seja, pacientes que estão com nomes incluídos na fila, mas que já podem ter realizado exames ou consultas; casos de pacientes que já passaram pelo exame ou consulta na rede pública, mas que a unidade executora pode não ter dado baixa no sistema; pacientes que deram entrada novamente no sistema com outro pedido para o mesmo tipo de atendimento”. 

 

Atualmente, não há como estimar quantas pessoas poderiam estar nessas condições, mas a secretaria de Saúde informou que tem realizado a triagem da fila para identificar os números reais. A prefeitura informou também que o município aderiu ao cofinanciamento estadual para ofertar exames pelo Estado e atualmente aguarda a pactuação, a fim de aumentar a oferta dos exames por essa via.

 

 

Consultas

A prefeitura também informou na nota que vem trabalhando para aumentar a oferta de consultas e exames no município e que, entre janeiro e agosto deste ano, o Hospital Alcides Carneiro realizou 33.233 consultas e 104.119 exames. O Ambulatório de Especialidades Maria Célia Machado (ao lado da UPA Centro) realizou um total de 19.799 consultas em diferentes especialidades. Foram feitos 3.261 ecocardiogramas no local.

 

No Centro de Saúde, foram 1.500 consultas em especialidade, além das mais de 21 mil em clínica médica. Foram 5.233 ultrassons realizados na unidade.

 

No HMNSE, somente em ortopedia, foram realizadas entre janeiro e agosto, 6.020 atendimentos. A unidade realizou 104.119 exames, entre Doppler, ECG, Exames Laboratoriais, Raio x e Ultrassom. Para ampliar a capacidade de atendimento, teve início essa semana uma obra no hospital para a criação do Centro de Ortopedia. A previsão é de que a obra fique pronta em 60 dias a que sejam oferecidas 2,5 mil consultas por mês.

 

A prefeitura ainda ressaltou que, embora as filas de espera sejam uma realidade em todo o estado e no país, secretários municipais de saúde da Região Serrana realizam, nesta segunda-feira (2), em Cordeiro, uma reunião com o objetivo de reativar o consórcio e fazer a repactuação do serviço, identificando a necessidade de contratação de exames e consultas em clínicas especializadas e também levantar os serviços oferecidos por cada município.

 

 

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