Quebras, atrasos e ônibus lotados na pandemia: moradores relatam caos no transporte do Carangola
Para os moradores do Carangola o preço que se paga para andar nos coletivos da empresa Cascatinha é a falta de sossego. Eles afirmam que o episódio que aconteceu na última segunda-feira (9), quando um dos ônibus que atende o bairro quebrou o eixo durante uma viagem, não é caso isolado: quebras constantes, atrasos e ônibus lotados durante os meses de pandemia são algumas das reclamações.
Moradores dizem, ainda, que estão tentando contato com a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) para denunciar os problemas que enfrentam no serviço de transporte coletivo e não conseguem contato com os números disponibilizados pela companhia.
“Os ônibus estão muito velhos, e estão sempre quebrando. É uma falta de respeito com os moradores. Nós já tivemos reuniões com a empresa, com a CPTrans e não chegamos a lugar nenhum. Não queremos esmola de vinte centavos, queremos transporte com qualidade”, desabafou o morador Jorge Lisboa, membro da Associação de Moradores e do Conselho do bairro, fazendo referência a redução no preço da passagem que passou a valer a partir do dia 1° de agosto.
A empresa Cascatinha oferta pelo menos sete linhas que passam pela Estrada do Carangola: Cidade Nova, Carangola-Divino, Vila Manzini, Vicenzo Rivetti, Vale do Carangola, Débora Couto Sucupira (Amoedo) e Sertão/Rivetti (noturno). Os moradores dizem que em todas as linhas há problemas.
“O que o morador quer é ser bem tratado, é ter conforto pra sair e chegar em casa. Chegar sã e salvo. O que aconteceu com esse ônibus na segunda-feira é preocupante, o morador entra no ônibus e fica pensando: será que vai concluir a viagem? Será que vai quebrar no meio do caminho?”, disse a moradora Maria Ângela Lins.
A empresa Cascatinha disse à Tribuna que desconhece informações sobre quebras recorrentes dos ônibus, mas segundo informações fornecidas pela própria empresa, nos 10 primeiros dias do mês de agosto, a linha 519 – Vale do Carangola quebrou duas vezes. Como exemplo, a empresa cita que essa linha cumpriu 98% das partidas programas no período, perdendo duas viagens em razão das quebras citadas e as demais perdas de viagens foram em razão de estacionamento irregular, trânsito e a quebra de um caminhão, que interditou a passagem de veículos no bairro.
Desde o ano passado, a Tribuna vem noticiando as reclamações de moradores desta localidade que além dos problemas na prestação regular do serviço, reclamam da lotação em horários de pico. Com a redução no número de ônibus em função das restrições por causa da pandemia, os trabalhadores enfrentaram meses de calvário em coletivos cheios. Não apenas nestas linhas, mas nas linhas troncais que fazem ligação entre o Centro e os distritos.
A Empresa Cascatinha informou à Tribuna que está intensificando os trabalhos de manutenção em todas as suas linhas de ônibus e reforça que prestou a assistência necessária na última segunda-feira (9), quando um veículo apresentou uma intercorrência na região do Carangola.
“A operadora esclarece que desconhece informações sobre quebras recorrentes dos ônibus e pode provar esta afirmação, através de dados emitidos pela própria CPTrans que, inclusive, realizou vistoria regular na empresa, juntamente com a prefeitura, na quarta-feira (11) e quinta-feira (12)”. A Tribuna perguntou a CPTrans se a empresa Viação Cascatinha recebeu alguma notificação em decorrência de problemas na prestação do serviço de transporte público, e aguarda resposta.
A Tribuna também questionou a CPTrans sobre os problemas no canal de comunicação da companhia, e aguarda resposta.
Por fim, em relação a lotação nos ônibus durante o período de pandemia, a Viação Cascatinha esclareceu que “desde o início da pandemia, vem operando com frota superior à demanda de passageiros da região. Atualmente, a Cascatinha segue trabalhando em comum acordo com as comunidades, através do diálogo com as associações de moradores, para gerar melhorias na prestação dos serviços”.
TCE determinou que haja nova licitação para as linhas da Viação Cascatinha
A Prefeitura tem um prazo de 90 dias para dar início à licitação do serviço de transporte público em substituição às linhas que são atendidas pela Viação Cascatinha. A licitação é uma determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que obriga o município a fazer um novo pleito num prazo de 360 dias. A nova empresa deve começar a operar no segundo semestre de 2022.
Atualmente a Viação Cascatinha conta com cerca de 30 linhas das regiões de Cascatinha, Carangola, Vale dos Esquilos, Retiro, Estrada da Saudade e Jardim Salvador. São aproximadamente 35 veículos usados para atender a essas rotas.
No relatório, o TCE verificou que a Viação Cascatinha opera na cidade sem que tenha sido realizada licitação, o que segundo o Tribunal é ilegal. A empresa atua em Petrópolis desde os anos 90 e nos documentos obtidos pelo TCE o nome da Viação Cascatinha não aparece em nenhum levantamento dos contratos e licitações realizadas pela Prefeitura.