Quem foi Saldanha Marinho?
Muitas pessoas, de um modo especial aquelas que aqui não nasceram e ainda as que tenham vindo ao mundo acolhidas no seio desta maravilhosa terra, desconhecem a respeito de personalidades que mereceram receber a justa homenagem do poder público, após terem partido, sendo lembrados através de ruas, praças, bustos, estátuas e tantos outros meios consagrando-os perante a terra de Pedro II.
E dentre tais personalidades, sem falar naquelas famílias que aqui chegaram, na condição de colonos, como alemães, italianos e de outras paragens, cidadãos esses que trabalharam em prol do crescimento da cidade e que também foram alvo de tal homenagem, destacam-se ainda, profissionais liberais, religiosos, políticos, literatos, além de muitas outras figuras, de expressão nacional, que nesta cidade não tiveram seus berços ou mesmo aqui vivido, entretanto, dignos de tais honrarias.
Eu, por exemplo, residi por muitos anos, na mocidade, à rua Saldanha Marinho, lá tendo sido criado.
Encontrando-me, contudo, com um antigo vizinho e amigo, que ainda reside na citada rua, indagou-me: “afinal, quem foi Saldanha Marinho e o que fez para justificar que seu nome fosse dado à nossa rua?”.
Diante da indagação refleti comigo mesmo, como tais dúvidas devem persistir, e em grande número, relativamente a pessoas que pela falta de interesse pela leitura, acabam por viver por longos anos num mesmo local e sequer sem terem conhecimento acerca da pessoa que mereceu tal honraria.
A verdade é que não lhe respondi de imediato, por saber apenas que fora um político de grande relevo à época do Império.
Entretanto, pude verificar que foi muito mais: advogado, jornalista, sociólogo e também, que por força do exercício da advocacia veio a desempenhar a presidência do Instituto dos Advogados Brasileiros, sendo o seu oitavo dirigente.
Na política destacou-se como um dos autores do anteprojeto da Carta Magna de 1891; foi, outrossim, senador pelo Distrito Federal após a Proclamação da República.
Na condição de jornalista usava o pseudônimo Ganganelli.
Ainda, dentro do campo político é de se ressaltar sua atuação na condição de signatário do Manifesto Republicano, nos idos de 1870.
Joaquim Saldanha Marinho faleceu no Rio de Janeiro, sepultado no Cemitério São João Batista.
Muitos de nós não recebemos ou esquecemo-nos dos legados deixados por nossos ancestrais com relação a história do País, do Estado e do próprio espaço onde vivemos e habitamos, justamente pelo total abandono da leitura. Triste realidade!
Os jovens, segundo demonstram as estatísticas, não leem mais do que dois livros por ano e, por outro lado, o traço cultural não mais chama a atenção da maioria deles, evidentemente com honrosas exceções. Que futuro lhes espera? Penso que nos aguarda, sem pessimismo, seja o fechamento de livrarias e de editoras e o livro deixando de ser a “companhia” mais gostosa e aprazível para os que buscam aprender e se ilustrar.