Querida Marilda

25/03/2017 13:50

Ah! Deus! O imponderável da vida, uma vez mais, nos atinge! Faleceu no dia 23 de março uma criatura humana extraordinária, minha irmã caçula Marilda Duarte dos Santos e que, por casamento com Vilnes Bersot adotou-lhe o sobrenome. Era ela 13º filho de meu pai Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos e 5º de minha mãe Astrogilda Duarte dos Santos. Caçulinha da grande família de dois casamentos de meus pais, tivemos, ainda, uma irmã Alba, falecida antes de completar 2 anos de idade e que veio depois dela.

Marilda trazia em sua personalidade e educação a fibra dos pais, a beleza de santa alma, a suavidade dos grandes espíritos dotados de extremo amor pela humanidade. Desde menininha demonstrou rara inteligência, estudiosa, cumpriu sua formação de professora no conceituado Colégio Santa Isabel, sempre acompanhada pelo zeloso pai, da qual era a menina dos olhos.

A vida trouxe- o casamento com o funcionário cartorial Vilnes Bersot, instalando o casal residência em Niterói. E lá nasceram os 3 filhos: Ângela, professora, Alexandre, artista plástico e Luciano, médico veterinário. E, no curso da vida os netos Taís, Pedro, Leonardo e Rafael.

Dedicou-se, por muitos anos, à educação dos filhos, até enviuvar, quando retornou ao ensino, trabalhando em educandários de Niterói. Perceberam todos que ela era intelectual, amava os livros e escrevia belas páginas em crônicas e ficção e possuía talento para lidar com as belas fantasias das crianças, sendo elevada à posição de bibliotecária das escolas por onde seu brilho passou com intensidade. Tornou-se contadora de histórias e escreveu algumas com raro talento literário e bela criatividade. Tivemos a felicidade de ver em jornais petropolitanos a publicação de trabalhos seus.

No ano de 2009, já acometida pela doença que traiçoeiramente se instalou em sua fragilidade humana, lançou pela Editora Prumo, de São Paulo, o livro “A História da Noite”, com primorosas ilustrações de seu filho Alexandre Bersot, obra que alcançou merecido sucesso e que teve lançamento em Petrópolis, no dia 3 de agosto de 2009, na Livraria Nobel. Com que orgulho todos nós, irmãos e famílias levamos nosso abraço a quem vinha solidificar geneticamente o talento de escritor de nosso pai Joaquim Heleodoro, de nosso primo Décio Duarte Ennes, de nosso tio Juvenal Marques, com o mesmo talento de todos.

Marilda, escritora ! Mérito, tenacidade, talento de nossa querida irmã que parte, agora, na noite que sua imaginação soube interpretar, aos novos desafios da imortalidade terrena e celeste.

Doce, amiga, o trecho final de sua história sobre a noite, diz da sua leveza, do seu encanto de fino burilar literário, tal como a suavidade de sua personalidade sempre encantadora.

De Marilda, final d´ ”A História da Noite” : […] Então Dia resolveu que passaria a viver assim : usaria sua claridade para brincar e aquecer o planeta… e depois vestiria o manto para descansar, refrescar toda a Terra e também para se divertir com as festas do povo. Mas você já reparou que às vezes o buraco fica fininho e às vezes gordão, cheio de luz? Eu também já reparei, Só que isso é uma outra história !”

Uma bela história de vida, minha querida irmã !

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