Quitandinha recebe “Hotel Mariana”, espetáculo baseado na tragédia da cidade mineira

Indicada ao Prêmio Shell, peça foi inspirada em relatos de sobreviventes, coletados uma semana após o rompimento da barragem

22/nov 09:01
Por Redação/Tribuna de Petrópolis | Foto: Divulgação

Nesta sexta-feira (22), o Centro Cultural Sesc Quitandinha (CCSQ) será palco do espetáculo “Hotel Mariana”, que traz à cena os depoimentos dos sobreviventes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). A apresentação ocorrerá às 20h, no Café Concerto.

Com relatos reais coletados pelo idealizador e pesquisador do projeto, Munir Kanaan, apenas uma semana após o desastre, a peça utiliza a técnica verbatim. Os atores reproduzem os depoimentos que escutam em fones de ouvido, oferecendo ao público uma experiência visceral e autêntica.

A peça dá voz a diferentes personagens da tragédia, como uma criança de um grupo escolar, um idoso da Folia de Reis, um ativista de direitos humanos e uma aposentada que escreve poemas.

Ao longo do espetáculo, é traçado um panorama político, histórico e cultural da região e do Brasil, levando os espectadores a uma reflexão profunda sobre as consequências do desastre e os modelos de desenvolvimento adotados no país.

Com direção de Munir Kanaan e Herbert Bianchi, que também assina a dramaturgia, o espetáculo foi indicado ao Prêmio Shell 2017 na categoria autor. O elenco reúne artistas como Anna Toledo, Bruno Feldman, Clarissa Drebtchinsky, Fani Feldman, Isabel Setti, Gabi Potye, Marcelo Zorzeto, Munir Kanaan, Rita Batata e Rodrigo Caetano.

Os ingressos custam R$ 10 (inteira), R$ 5 (meia-entrada) e são gratuitos para portadores da credencial plena Sesc e público cadastrado no PCG. A classificação etária é de 12 anos. O CCSQ está localizado na Av. Joaquim Rolla, nº 2, Quitandinha.

Nove anos da tragédia

O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, ocorreu em 5 de novembro de 2015, e devastou os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, com a liberação de cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro sob eles, matando 19 pessoas e deixando milhares desabrigadas.

A tragédia impactou profundamente o ecossistema do Rio Doce e se estendeu até o Oceano Atlântico, com efeitos socioambientais irreversíveis. O desastre da barragem não apenas destruiu comunidades inteiras, mas também trouxe à tona questões cruciais sobre os modelos de desenvolvimento e a gestão de barragens no Brasil. Passados 9 anos, ninguém foi punido.

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