Reciclagem de melodias estrangeiras está em alta

26/06/2023 08:15
Por Geovana Melo / Estadão

A melodia familiar e a letra desconhecida causam estranhamento inicial, mas logo no refrão as versões brasileiras de hits internacionais ganham o público. É o caso de Love Love, música lançada por Melody, Naldo Benny e Matheus Alves, na sexta-feira, 16.

A canção faz referência sonora a um dos maiores hits de Chris Brown, Kiss Kiss, de 2007. A versão brasileira reúne 2,9 milhões de visualizações no YouTube, ocupa o Top 50 do Spotify e está longe de ser um caso isolado. Chris Brown aparece como um dos compositores de Love Love, o que indica que o uso de elementos de Kiss Kiss pelos brasileiros foi autorizado pelo americano. Isso assegura que a música não seja retirada de plataformas digitais sob alegação de plágio.

Não é a primeira vez que Melody se lança em trabalhos do tipo. Antes de Kiss Kiss, ela emplacou outras músicas baseadas em hits gringos. Assalto Perigoso tem letra escrita em cima da melodia de Positions, de Ariana Grande. Por causa de direitos autorais, a música foi retirada das plataformas digitais.

O mesmo ocorreu com o hit do carnaval 2023, Lovezinho, de Treyce, que faz parte dessa leva. Depois de tocar pelos quatro cantos do Brasil, a música embalada pela melodia de Say It Right, grande sucesso de Nelly Furtado nos anos 2000, foi retirada do ar.

Após o sucesso de Lovezinho, a editora da cantora canadense Nelly Furtado cobrou os direitos autorais pelo uso da melodia. No entanto, as artistas não entraram em um acordo.

ROXETTE

Gusttavo Lima também é conhecido por emplacar músicas adaptadas para o português. Recentemente, o sertanejo lançou, com autorização, Desejo Imortal – inspirada em It Must Have Been Love, hit da banda Roxette da década de 1980.

O recurso mais utilizado pelos artistas recentemente é a interpolação musical. O método refere-se ao ato de incorporar trechos de elementos musicais preexistentes em uma nova composição musical.

“É uma técnica criativa que envolve a reutilização de elementos musicais de outras obras para agregar novos sons e significados à música atual”, explica Tayná Carneiro, diretora da Future Law, empresa de tecnologia e direito.

Segundo o diretor artístico da editora Warner Chappell Brasil, Filippe Siqueira, essa é uma tendência no mercado musical. “Podemos dizer que no Brasil, nos últimos meses, virou sim um diferencial. Muitas músicas que têm figurado entre as mais ouvidas usam esse artifício”, avalia.

A interpolação deve sempre ser creditada. “Em geral, é feito um acordo com os autores da obra que está sendo utilizada e eles normalmente passam a ter uma porcentagem de controle da obra nova, com a interpolação”, explica ainda Siqueira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Últimas