Redução de custos: supercomputador brasileiro pode ser desligado
O corte de 44% no orçamento do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), pode comprometer pesquisas científicas e tecnológicas importantes que estão sendo operadas no supercomputador de Santos Dumont, que está localizado na sede do LNCC, em Quitandinha. A redução no orçamento foi uma decisão do governo federal e se não for revista, até outubro, o supercomputador mais potente e rápido da América Latina terá de ser desligado.
"Tínhamos uma previsão orçamentária que permitiria o funcionamento do supercomputador e também da manutenção do LNCC. Quando chegou no meio do ano tivemos a notícia que só poderíamos gastar 56% do que estava previsto e aprovado pelo Congresso. Se essa medida não for revista não há como manter o Santos Dumont funcionando", lamentou o diretor do LNCC, Augusto César Gadelha Vieira.
Atualmente, mais de 70 projetos utilizam o supercomputador. Entre eles, está uma pesquisa da Fiocruz coordenada por um pesquisador de Pernambuco, para melhorar os diagnósticos e as vacinas contra Dengue e o Zika Virus.
"O Santos Dumont está em Petrópolis, mas atende a pesquisadores e instituições de todo o país. São projetos de diversas áreas como Engenharias, Física, Ciências Biológicas, Meteorologia, Matemática e Astronomia. Se tivermos que desligá-lo, o campo de pesquisas de todo o país será prejudicado. As pesquisas vão parar. Será um retrocesso", alertou o diretor.
Para manter a máquina funcionando e a estrutura do LNCC é preciso R$ 6 milhões por ano, desse total R$ 270 mil são gastos com a energia elétrica do supercomputador. "O orçamento que estava previsto é apenas para manter tudo funcionando, sem nenhum tipo de investimento", ressaltou Augusto.
Com o corte no orçamento, além do desligamento do supercomputador também pode haver demissões de funcionários. Segundo o diretor do LNCC, as equipes de manutenção (limpeza, vigilância e jardinagem) e da administração são terceirizados assim como a área de suporte técnico, que cuida da rede de computadores. "Se não tiver como pagar os contratos teremos que demitir", disse. Atualmente, cerca de 300 pessoas trabalham no LNCC. Quatorze técnicos do laboratório já foram demitidos este ano.
O supercomputador começou a funcionar em julho do ano passado e foi adquirido com recursos concedidos pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). O Santos Dumont é da empresa francesa Atos Bull e o processador é de uma firma americana, representando um investimento de R$ 60 milhões.
Em nota, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) informou que os cortes orçamentários feitos pelo governo federal ocorreram em todos os ministérios e que atua junto aos Ministérios da Fazenda e do Planejamento pelo descontingenciamento de recursos. O MCTIC informou ainda que trabalha pela recuperação do orçamento total previsto para este ano.