Reforma da Catedral São Pedro de Alcântara: o resgate de uma história centenária
Passar pelas avenidas Imperatriz e Koeler e não parar, mesmo que por alguns segundos, e admirar a imponência da Catedral São Pedro de Alcântara é uma missão quase impossível. A igreja, localizada no coração do Centro Histórico de Petrópolis, é um encantador exemplar da arquitetura neogótica francesa onde se concentra a fé e uma história centenária. O prédio, que faz parte dos clicks diários dos turistas, há muito precisava de um cuidado. A fachada pichada e com marcas de sujeira, já estava escondendo a beleza de um dos pontos turísticos mais belos e visitados de Petrópolis.
Em fevereiro deste ano, a catedral começou a passar pela sua primeira grande reforma desde o início da sua construção, em 1884. A fachada está sendo revitalizada; a estrutura está recebendo reforço; será construída uma galeria expositiva (altamente tecnológica e com acessibilidade – com instalação de rampas e elevador – onde 115 peças serão expostas); a modernização de toda parte elétrica no interior e exterior da igreja; assim como instalação de sistema de combate a incêndio e a torre (com vista panorâmica da cidade com 70 metros de altura) será aberta à visitação. A obra tem previsão de 10 meses para ser concluída.
“Essa reforma está devolvendo à Catedral, em toda sua riqueza histórica, arquitetônica e de fé, para a sociedade petropolitana. Devolver esse patrimônio para a comunidade cristã e para a cidade é um motivo de orgulho”, disse o bispo diocesano, Dom Gregório Paixão, que ciceroneou a equipe da Tribuna na visita ao canteiro de obras. O projeto de revitalização acontece em parceria da Mitra Diocesana com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que disponibilizou pouco mais de R$ 13 milhões para a restauração.
O canteiro de obras já foi instalado e conta, além dos andaimes gigantescos, com tapumes ao redor da igreja, onde foram instalados painéis que revelam toda a história da catedral. As imagens e textos foram retirados do livro “A Catedral de Petrópolis – Santuário da Memória da Cidade Imperial” – iniciativa do bispo diocesano com apoio da Fundação Cesgranrio e publicado em 2015. Os painéis também tem um lado dedicado para as crianças, tendo um anjinho como o contador de toda a história da igreja.
Os trabalhos de reforma estão a todo vapor. E três meses após o início das intervenções já é possível ver os primeiros resultados. Uma das paredes laterais do prédio já está completamente limpa. Livre das pichações, mofo e sujeira, a beleza das pedras já dá o sinal do que a obra nos revelará. “É um trabalho minucioso de limpeza e restauração”, completou o bispo. Cerca de 50 pessoas trabalham no local, que tem mão-de-obra inteiramente de Petrópolis.
Um dos pontos principais da obra é o reforço da parte estrutural do prédio. A igreja sofreu desgastes estruturais depois do temporal de 1988. Rachaduras nas colunas de sustentação colocavam em risco a catedral. “O muro está cedendo e é possível ver as rachaduras na parte interna e externa da igreja. A escadaria que dá acesso à catedral já se movimentou e assim como alguns vitrais. O que percebemos é que a parte da frente da igreja estava se descolando”, explicou o bispo.
Escavações nas laterais do prédio foram feitas para que fosse injetado concreto para o reforço estrutural das colunas. O muro em frente à igreja também passa pelo mesmo procedimento. “Estamos devolvendo a segurança e a história da catedral com essa reforma”, acrescentou o bispo. Todo o telhado também está sendo recuperado, assim como várias vigas do prédio.
Além de toda a revitalização e reforço estrutural, a Catedral também receberá mais câmeras de segurança, passando das atuais 14 para 26. A Mitra também está pleiteando junto ao Instituto do Patrimônio Artístico e Arquitetônico Nacional (Iphan) a autorização para instalar gradis ao redor do prédio. O objetivo é coibir a ação de vândalos.
A Mitra também fará uma reformulação no atual banheiro. Localizado no lado esquerdo do prédio, o espaço será demolido e passará para perto da escadaria lateral que dá acesso ao pátio da igreja (na Avenida Imperatriz), onde antes funcionava uma loja de souvenirs. Esse projeto será custeado pela Mitra. “Infelizmente há pouca segurança em manter o banheiro no local onde está. Além da ação de vândalos há relatos de prostituição, por isso deslocá-lo para perto da rua dará mais segurança para quem visitar a igreja e precisar usar os banheiros”, comentou o bispo.
Por ser um prédio tombado, toda a obra tem o aval do Iphan. E mesmo com a reforma a visita de turistas e as celebrações não foram interrompidas. A Catedral de Petrópolis recebe mais de 300 mil pessoas por ano. É um dos pontos turísticos religiosos mais visitados da cidade, tanto por sua beleza arquitetônica quanto por ali abrigar o Mausoléu da Família Imperial.