Reforma Luterana: defesa do Evangelho de Jesus

28/10/2016 08:00

31 de outubro de 1517. Lutero prega as suas 95 teses, suas 95 afirmações na porta da igreja do castelo de Wittenberg, na Alemanha. Com suas teses, debate o valor das indulgências como meio de conseguir perdão dos pecados, reduzindo os anos de pena no purgatório, livrando até mesmo as pessoas já falecidas das penas do purgatório. Sua intenção era apenas o debate acadêmico da questão. Era comum esse procedimento em sua época. Mas a questão era muito polêmica e não se restringiu ao puro debate acadêmico, pois as teses diziam respeito ao próprio ser da Igreja, questionando práticas que mexiam com a vida e com a questão financeira das pessoas e da própria Igreja. E nós sabemos: quando se mexe no bolso das pessoas ou de uma instituição, ameaçando esta instituição nos seus projetos pela falta de recursos, a questão é vista de outra forma.

As teses de Lutero causaram a reação dos líderes da Igreja porque as indulgências tinham destacada importância sob o aspecto financeiro. A Igreja dependia em grande parte das rendas conseguidas com a venda de indulgências. Muitos projetos eram financiados com a publicação e venda de indulgências. Lembramos que o Papa Leão X precisava de muito dinheiro para construir a Igreja de São Pedro. Questionando as indulgências, Lutero mexe com a sustentação financeira da Igreja, o que provoca a reação do Papa e dos líderes religiosos da época. 

Para termos uma ideia do que Lutero escreve e entendermos a reação de Roma, vejamos algumas de suas teses:

36. Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão plena de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência. 

37. Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da igreja, mesmo sem carta de indulgência.

43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.

45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências, obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa, e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgências.

52. Vã é a confiança de salvação conferida pelas cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa dessem sua alma como garantia pelas mesmas.

67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como sendo a mais sublime graça, realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.

75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de absolver um homem que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

76. Em contrapartida, afirmamos que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados no que se refere à sua culpa.

Estas afirmações de Lutero são baseadas na Sagrada Escritura, que dizem que o perdão dos pecados pode somente ser recebido quando há arrependimento sincero. Perdão não pode ser comprado. Assim, a origem da nossa Igreja Luterana está na devesa do Evangelho de Jesus Cristo. Já dizia Lutero que a Igreja é o lugar onde a Palavra de Deus é pregada de forma reta e pura e onde os sacramentos são ministrados da mesma forma. Também afirma Lutero: “Qualquer ensinamento que não se enquadra nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias.” 

Ao longo da história, nossa missão enquanto herdeiros da Reforma é a defesa do Evangelho. Os dias em que vivemos são novamente de mercantilização, de comercialização da fé, de deturpação do Evangelho. Nosso dever é permanecer firmes no propósito inicial de nossa Igreja: a defesa do Evangelho de Jesus Cristo, com sobriedade, com serenidade, com seriedade. Buscamos viver a fé de forma sóbria, alegre, bonita, transparente, sem chantagens nem amedrontando as pessoas. 

Defesa do Evangelho de Jesus Cristo – esta deve ser nossa bandeira, nossa meta como Igreja herdeira da Reforma Luterana no século XXI.


Conheça a Igreja Evangélica de Confissão Luterana em Petrópolis. 

Avenida Ipiranga, 346.

Cultos todos os domingos às 09:00h. Tel. 24.2242-1703

Últimas