Região Serrana registra 59 suicídios nos últimos 19 meses

03/10/2017 13:40

Nos últimos 19 meses, foram registrados 691 suicídios em todo o Estado do Rio. O número foi levantado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública a pedido do deputado Marcus Vinícius Neskau (PTB), autor do projeto de lei 249/15, já aprovado em primeira discussão na Alerj, que institui a Semana Estadual de Prevenção ao Suicídio. Os dados mostram que ao menos uma pessoa tira a própria vida todo dia em território fluminense. Só na Região Serrana, foram 59 registros nos últimos 19 meses, sendo 14 em Petrópolis, a segunda cidade com maior registro na região (Nova Friburgo teve 18). Só na capital, foram 302 mortes. 

“Apesar de todo tabu que cerca o tema, precisamos divulgar o assunto, suas possíveis causas e sinais emitidos por quem precisa de ajuda já que 90% dos suicídios podem ser evitados com orientação especializada. É necessário romper com esse temor de levar informações sobre o tema justamente para que as pessoas entendam que o suicídio pode estar mais próximo que imaginam e para não só incentivar as pessoas que carecem de tratamento a buscar uma ajuda como também alertar a população de uma forma geral na identificação daqueles que necessitam de atenção”, afirmou Marcus Vinícius. 

Com a mesma finalidade, desde 2015 é promovida a campanha Setembro Amarelo, que foi encerrada no fim de semana com uma ótima notícia: o Governo Federal criou um Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio, disponibilizando, desde o dia 30, ligações gratuitas para o 188 (Centro de Valorização da Vida) nos estados de Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Piauí, Roraima, Acre, Amapá, Roraima e Rio de Janeiro. O serviço já funciona desde 2015 no Rio Grande do Sul. As iniciativas se unem ao plano da Organização Mundial da Saúde (OMS), que visa diminuir o número de suicídios em 10% até o ano de 2020. 

Durante palestra promovida pelo Departamento Médico da Alerj, na última semana, a coordenadora regional do CVV, Maria das Graças Araújo, alertou: “Todo mundo pode escutar de um amigo ou parente ‘estou cansado de viver’ ou ‘não aguento mais’ e nossa obrigação é conversar com eles. Somos responsáveis pelas pessoas que nos rodeiam.” Segundo Maria das Graças, às vezes, a pessoa que considera o suicídio só precisa ser ouvida. “Sem julgamento, sem análise, sem preconceitos, e, também, sem dar conselhos. É o que fazemos no CVV. São pessoas comuns, preparadas para ouvir quem precisa”, explicou. “O ser humano tem um instinto de sobrevivência. A pessoa não quer morrer, e sim escapar da dor.”

Além da conscientização sobre a valorização da vida, o deputado Marcus Vinícius ressaltou ainda ser fundamental a interlocução para que cada município tenha o seu Centro de Atenção Psicossocial (Caps) pois, segundo o estudo divulgado pelo Ministério da Saúde, as unidades reduzem em 14% o risco sobre essas ocorrências e, dos quase 6 mil municípios brasileiros, apenas 2.463 são providas dessas instituições. 

Novos dados do Ministério da Saúde mostram que o índice de suicídio cresceu entre 2011 e 2015 no Brasil. Segundo a pasta, esta é a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos. Em 2011, foram 10.490 mortes: 5,3 a cada 100 mil habitantes. Já em 2015 o número chegou a 11.736: 5,7 a cada 100 mil, segundo dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).  


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