Repórter Record Investigação mostra como Estrada de Ferro Carajás prejudica vida das pessoas que vivem na região
O Repórter Record Investigação desta quinta-feira, dia 14/01, apresenta o último episódio do especial “Dossiê Carajás: corrupção e descaso”. A apresentadora Adriana Araújo e a equipe do programa revelam a história de moradores que estão com a vida ameaçada pela passagem de um dos maiores trens de carga do mundo.
Para mostrar como o vai e vem do trens afeta quem vive às margens da Estrada de Ferro Carajás, Adriana e os jornalistas Gustavo Costa, Laura Ferla e Mariana Ferrari conversaram com dezenas de famílias afetadas ao longo da linha férrea, que corta os estados do Pará e Maranhão. Eles relatam excesso de barulho da ferrovia durante a madrugada, casas ameaçadas por rachaduras, problemas de saúde causados pela poluição do pó de ferro transportado e ainda esquemas de corrupção nas cidades cortadas pela linha.
No trajeto da locomotiva, Alto Alegre do Pindaré. A cidade de 12 mil habitantes é partida ao meio pelo trilhos. Desde que a ferrovia foi duplicada, o movimento de trens também dobrou. Mais de 60 famílias vivem em casas rachadas, que podem ceder a qualquer momento. Pedro não tem para onde ir. E espera pelo pior: “Tenho de medo de não aguentar mais e cair na minha cabeça”. Com medo de ser soterrada pelas paredes, Maria Alice, de 70 anos, não consegue dormir na própria cama. Acredita que o risco diminui se deitar na rede. “Eu tenho medo de uma hora para outra despencar de uma vez”, conta.
A equipe passou a noite na casa de Deusimar. Ela é vizinha da ferrovia. Adriana Araújo bem que tentou dormir, mas o sono foi interrompido pelo barulho dos vagões. Das 19h até 6 da manhã, 18 trens passaram em frente à casa da aposentada. “Eu durmo quatro horas por noite. Tenho dores de cabeças todos os dias. Cabeça pesada, sem energia para fazer as tarefas de casa”, reclama.
O pó de ferro que sai das siderúrgicas que recebem o minério ferro do trem é outro problema que impacta as famílias que vivem às margens da ferrovia. Toma conta das casas, contamina os rios e doenças respiratórias atacam crianças e adultos. Um povoado inteiro com a saúde ameaçada. “As crianças gripam. Dá febre. O meu bebê mesmo deu pneumonia”, relata a moradora Simone Costa.
A poluição em Piquiá, no Maranhão, também transformou a vida de Tida, de 74 anos. Ela chegou ao povoado em 1980. Mas só os primeiros anos foram tranquilos. O marido respirou por mais de 20 anos o ar das chaminés das siderúrgicas. Estava com o pulmão carregado de pó do minério de ferro. “O médico deu para ele 30 dias, mas ele morreu antes, com 22”, recorda-se.
Os repórteres Gustavo Costa e Michel Mendes entrevistaram o homem acusado pelo Ministério Público de fraudar mais de R$ 63 milhões em licitações de fachada. O empresário tem contratos com vários municípios cortados pela linha do trem.