Resultados de testes de estresse demonstram que SFN está resiliente, afirma Comef

05/jun 09:00
Por Eduardo Rodrigues / Estadão

O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central destacou nesta quarta-feira, 5, que os resultados dos testes de estresse demonstram que o Sistema Financeiro Nacional (SFN) está resiliente. O colegiado publicou a ata do seu 57º encontro, que manteve o Adicional Contracíclico de Capital Principal relativo ao Brasil (ACCPBrasil) em 0%.

“O impacto mais severo continua sendo o observado no cenário de quebra de confiança no regime fiscal. Teste de análise de sensibilidade verificou que mesmo que os ativos problemáticos dobrassem em relação a seus níveis atuais, o sistema não apresentaria desenquadramentos relevantes”, detalhou o documento.

A ata reitera que as provisões dos bancos mantiveram-se adequadas, acima das estimativas de perdas esperadas. “A leve piora na qualidade das concessões de crédito às famílias foi insuficiente para inverter a redução da probabilidade de default e da expectativa de materialização de riscos, exceto no crédito rural onde ambas são crescentes. Para micro, pequenas e médias empresas, o nível de materialização de risco deve permanecer estável”, acrescentou o BC.

Da mesma forma, os níveis de capitalização e de liquidez do SFN mantiveram-se superiores aos requerimentos prudenciais. O Comef destaca que o sistema tem mantido capital e ativos líquidos suficientes para absorver potenciais perdas em cenários estressados e cumprir a regulamentação vigente.

Além disso, a rentabilidade dos bancos apresentou discreto aumento, devido à redução das despesas de provisão e dos custos de captação nos últimos meses. Por outro lado, o Comef segue atento à dinâmica de resgates das cadernetas de poupança e seus efeitos nas concessões de crédito imobiliário.

“O Comef avalia que a política macroprudencial neutra segue adequada ao atual momento, caracterizado pela ausência de acúmulo significativo de riscos financeiros. Considerando as expectativas do Comef sobre o crescimento do crédito, não há necessidade de ajustes na política macroprudencial no curto prazo”, repetiu o colegiado.

Para o BC, os preços dos ativos e o crescimento do crédito não representam preocupação no médio prazo, embora existam incertezas a serem acompanhadas. O documento cita que os principais ativos de risco da economia vêm seguindo trajetórias de preço moderadas.

“Diante dos riscos relacionados à atividade econômica e ao endividamento das famílias e das empresas de menor porte, o Comef segue recomendando que as instituições financeiras mantenham a prudência na política de gestão de crédito e de capital”, concluiu o BC.

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