Revivendo Sérgio Porto
A perspicácia de Sérgio Porto – o eterno Stanislaw Ponte Preta – que criou seu personagem, talvez, imaginário – “tia Zulmira” – propiciou a muitos cronistas atuais a imitá-lo, subliminarmente, criando cada um sua “válvula de escape” nas crônicas, com personagens aleatórios. De minha parte sempre faço referência à minha avó italiana, mas não é uma saída e sim uma entrada, pois ela existiu mesmo e era uma modesta sábia, sempre com citações, nascida em 1860, em Gênova.
Complementando uma antiga cônica de Alexandre Hugueney, a grande criação de Sergio Porto foi o “Febeapá – Festival de Besteira que Assola o País” que se torna cada vez mais atual com tantos disparates que presenciamos a todo momento, incluindo neste rol a turma com seu “febeapista mor” que, apesar do tempo passado entre a elite nacional, não para de falar sandices e barbaridades que, realmente, assolam o país.
Mas basta ser-se observador que nos deparamos com autênticos “besteiróis” a cada instante. Fui ao órgão público para dar conta de uma situação ante a exigência de determinados documentos e procurei a jovem que me atendera muito bem, sem lembrar o nome e o atendente questionou quem eu procurava. Depois de dar tratos à bola, lembrei e, para surpresa minha, ele me informou que ela não estava como os demais, pois nas sextas-feiras não há expediente – é dose!
Tal detalhe me fez lembrar de uma velha piada quando o comandante repreendeu o sargento por não ter dado a salva de tiros quando o governador adentrou na unidade e o subordinado, humildemente, explicou – “Por três motivos. comandante – um, não tinha munição; dois…” e foi interrompido pelo superior – “Os outros não me interessam!” E assim fez o atendente comigo – se não havia expediente, qual o interesse em saber quem eu procurava?
Uma amiga, que gostava de comprar empadas na mesma padaria, chegou e pediu duas de galinha e, para sua surpresa a moça informou – “Não tem de galinha, só de frango”. Sem qualquer comentário, pediu as de frango – dizer o que?
De outra feita ela levou um texto para ser digitado numa dessas casas que fazem tal serviço. O atendente começou a digitar e, de repente, declarou – “A senhora errou aqui, nunca vi esta palavra – “oriundo”. E ela, pacientemente, deu uma aula a respeito – fazer o que?
E, para finalizar, duas pérolas ouvidas há muito tempo de um amigo – pessoa muito simples, diante de uma confusão, se saiu com esta – “não sei o que faço para agradar gregos e baianos” e de outra feita trocou as bolas, de cama para lama mas, de certo modo acertou na mosca, quando disse – “cria fama e deita-te na lama”, porque grande parte dos que criam fama, realmente se “deitam na lama” – os fatos não mentem.
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