Riscos em show mortal de Travis Scott foram alertados por trabalhadores, aponta relatório

29/07/2023 19:32
Por Redação E+ / Estadão

De acordo com policiais, o segurança Reece Wheeler estava tão preocupado com o que poderia acontecer no festival Astroworld, do rapper Travis Scott, que mandou uma mensagem para o organizador do evento dizendo: “Alguém vai acabar morto”.

O festival aconteceu em 5 de novembro de 2021, em Houston, no Texas, com 10 fatalidades causadas por asfixia por compressão. Cerca de 50.000 pessoas compareceram ao festival. No documento, de quase 1.300 páginas, há transcrições de ligações emergenciais, alertas de funcionários e resumos de entrevistas policiais, incluindo uma com Scott realizada poucos dias após o evento.

“Há pânico nos olhos das pessoas. Isso pode piorar rapidamente”, escreveu Reece Wheeler a Shawna Boardman, uma das diretoras de segurança privada, antes do show de Scott começar. “Eu sei que eles vão tentar lutar contra isso, mas eu gostaria que ficasse registrado que não aconselhei que isso continuasse. Alguém vai acabar morto”, afirmou.

O show de Travis Scott, nome que assinava o evento e atração principal, começou às 21h02. Em sua análise da transmissão ao vivo do festival, os investigadores da polícia disseram que, pouco mais de dez minutos após o início do show, ouviram um grito fraco de alguém dizendo: “Pare o show”.

Em uma entrevista policial em 19 de agosto de 2022, os advogados de Boardman disseram aos investigadores que ela “viu que as coisas não estavam tão ruins quanto Reece Wheeler declarou” e decidiu não transmitir as preocupações do segurança a mais ninguém.

No fim de junho de 2023, um grande júri se recusou a indiciar qualquer um que fosse investigado sobre o evento, incluindo Scott, Boardman e outras quatro pessoas.

O rapper também disse não ter ouvido pessoas pedindo para que ele parasse o show. Segundo Scott, embora ele tenha visto uma pessoa recebendo atendimento médico, a multidão parecia estar gostando do show e ele não viu nenhum sinal de problemas sérios. “Ele afirmou que se tivesse ouvido [alguém pedindo para parar], teria feito algo”, disse a polícia sobre Scott.

O artista Drake, que se apresentou com Travis no show, disse à polícia que era difícil ver do palco o que estava acontecendo no meio da multidão e que ele não ouviu os apelos dos espectadores para interromper o show. Ainda segundo o relatório, Drake descobriu a tragédia mais tarde naquela noite pelo seu gerente e as redes sociais.

Ainda no relatório, diversos frequentadores disseram que os gritos pedindo para parar o show eram audíveis. Para muitos deles, os funcionários do festival não se importaram com a situação.

O relatório da polícia foi divulgado cerca de um mês depois que o grande júri em Houston se recusou a indiciar Scott por quaisquer acusações criminais relacionadas ao trágico show. O chefe de polícia Troy Finner disse que o relatório estava sendo tornado público para que as pessoas pudessem “ler toda a investigação” e tirar suas próprias conclusões sobre o caso.

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