Rússia envia navios de guerra para o Mar Negro em meio à escalada na Ucrânia

08/02/2022 14:21
Por Estadão

A Rússia está enviando seis navios de guerra para o Mar Negro para exercícios navais, segundo informou a agência de notícias Interfax citando o Ministério da Defesa da Rússia. A pasta disse que este é um movimento pré-planejado de recursos militares, no entanto, analistas temem que os exercícios podem ser um pretexto para invadir a Ucrânia.

A Rússia anunciou no mês passado que sua marinha realizaria um amplo conjunto de exercícios envolvendo todas as suas frotas em janeiro e fevereiro, do Pacífico ao Atlântico, na mais recente demonstração de força em uma onda de atividade militar durante um impasse com o Ocidente sobre a Ucrânia.

Os seis navios devem passar pelo estreito da Turquia até o Mar Negro na terça e quarta-feira, disseram fontes turcas. Os navios incluem o Korolev, o Minsk e o Kaliningrado, que devem navegar pelo Bósforo na terça-feira – um já foi visto passando pelo estreito -, enquanto o Piotr Morgunov, o Georgi Pobedonosets e o Olenegorski Gorniak devem passar na quarta-feira.

Analistas militares dizem que a combinação dos navios com as forças já enviadas para a região do Mar Negro forneceria uma capacidade significativa de ameaçar uma grande área da costa da Ucrânia, que possui apenas um sistema de defesa costeiro limitado.

Acúmulo de forças perto da Ucrânia

Os anúncios provocam temores de que os exercícios seriam um pretexto para um ataque contra a Ucrânia, que as forças russas invadiram em 2014, anexando a Crimeia, cuja costa é voltada para o Mar Negro.

Os exercícios de agora se somam ao movimento de envio de tropas para Belarus, a milhares de quilômetros de suas bases permanentes, que foi visto como uma ameaça contra Kiev, que fica a cerca de 220 quilômetros da fronteira com Belarus.

Em resposta às tropas russas em Belarus, a Ucrânia planeja realizar exercícios militares em larga escala entre 10 e 20 de fevereiro, com drones de combate comprados da Turquia e mísseis antitanque fornecidos por Washington e Londres.

Os Estados Unidos, a Alemanha e o Reino Unido também enviaram reforços militares para a Europa. Um primeiro destacamento de cerca de 100 soldados americanos chegou nesta terça-feira à Romênia.

No sábado, outros soldados americanos já haviam chegado à Polônia, país que abrigará um total de 1.700 deles. A Romênia, membro da Otan desde 2004, abriga 900 soldados americanos, 140 italianos e 250 poloneses em seu território.

A Rússia já acumulou mais de 100.000 soldados perto da fronteira com a Ucrânia. O país nega qualquer plano de invasão, mas busca garantias de segurança abrangentes, incluindo a promessa de não instalar mísseis perto de suas fronteiras, reduzir a infraestrutura militar da Otan e proibir a Ucrânia de ingressar na aliança.

Legalmente, a Turquia, membro da Otan, poderia fechar o estreito ao trânsito se a Rússia tomasse uma ação militar contra a Ucrânia.

“A Turquia está autorizada a fechar o estreito para todos os navios de guerra estrangeiros em tempo de guerra ou quando estiver ameaçada de agressão. Além disso, está autorizada a recusar o trânsito de navios mercantes pertencentes a países em guerra com a Turquia”, disse Yoruk Isik, analista geopolítico baseado em Istambul.

A Turquia, que compartilha uma fronteira marítima com a Ucrânia e a Rússia no Mar Negro, disse que qualquer conflito militar seria inaceitável e disse a Moscou que qualquer invasão seria imprudente.

No entanto, o presidente Tayyip Erdogan também se ofereceu para mediar a disputa entre Moscou e Kiev. Ancara tem relações cordiais com os dois países, embora Erdogan diga que fará o que for necessário como membro da Otan no caso de uma invasão russa.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse após conversas no Kremlin nesta segunda-feira, 7, com o russo Vladimir Putin que os próximos dias serão cruciais no impasse sobre a Ucrânia. Putin sugeriu que algum progresso foi feito nas negociações.

Falando a repórteres no avião para Kiev, Macron disse que Putin confirmou que retiraria tropas de Belarus após os exercícios, que estão programados para terminar em 20 de fevereiro, segundo o Ministério da Defesa russo. Peskov disse que Putin não deu uma data para sua retirada, mas acrescentou: “Ninguém jamais disse que as tropas russas permaneceriam em Belarus. Isso nunca esteve na agenda.” (Com agências internacionais)

Últimas