Rússia relata disparos contra navio de guerra britânico; Reino Unido nega
Um jato de combate e um barco de patrulha russos fizeram disparos de advertência contra um navio de guerra do Reino Unido, anunciou o Ministério da Defesa da Rússia nesta quarta-feira, 23. De acordo com agências de notícias russas, a movimentação militar e os disparos foram feitos após o HMS Defender, um destroier britânico, ter entrado em águas territoriais da Rússia no Mar Negro. O Reino Unido nega o relato russo.
Segundo o comunicado do Ministério da Defesa, citada pela agência russa Interfax, o HMS Defender cruzou a fronteira russa na manhã desta terça na área de Cape Fiolent, localizada ao sul da Crimeia. “O destroier foi avisado com antecedência que armas seriam disparadas em caso de violação da fronteira do Estado russo. Eles desobedeceram o alerta”, diz a nota.
Um barco de patrulha teria chegado ao local primeiro, fazendo dois disparos de advertência, segundo o relato russo. Cerca de 10 minutos depois, um caça Su-24M teria se aproximado da embarcação britânica e disparado quatro bombas OFAB-250, também como um alerta. O HMS Defender teriam navegado 3 km dentro do território russo.
Após o anúncio das autoridades russas, o Ministério da Defesa do Reino Unido se manifestou e negou que qualquer disparo tenha sido feito contra o HMS Defender. “Nenhum tiro de advertência foi feito contra o HMS Defender”, diz uma publicação do gabinete de imprensa da pasta nas redes sociais. O comunicado também afirma que a embarcação estava em águas territoriais ucranianas – a Crimeia foi anexada pela Rússia, mas até 2014 era território da Ucrânia.
O secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, também fez uma declaração, publicada nas redes sociais do ministério, afirmando que o HMS Defender estava fazendo um deslocamento de rotina e entrou em um reconhecido corredor internacional de tráfego naval.
“Como é de rotina, os navios russos seguiram a passagem (do destroier) e ele foi informado sobre os exercícios de treinamento em sua vizinhança”, disse.
Após a anexação da Crimeia, a Rússia passou a considerar as áreas ao redor da costa da península como águas territoriais. Os países ocidentais, no entanto, consideram a península como parte da Ucrânia e rejeitam a reivindicação russa sobre os mares ao seu redor.
Rússia convoca embaixador britânico e pede investigação
Ainda que não sejam tão claros no momento, os acontecimentos da manhã desta terça-feira já têm implicações diplomáticas. O governo russo afirmou que vai convocar o embaixador britânico à chancelaria russa, e cobrou ao Reino Unido uma investigação quanto às “perigosas ações” de seu destroier no Mar Negro.
Em um novo comunicado, o Ministério da Defesa russo classificou o ocorrido como “uma grave violação da convenção das Nações Unidas”, e pediu uma “investigação profunda” sobre as decisões tomadas pela tripulação do HMS Defender. Enquanto isso, o Ministério das Relações Exteriores anunciou que vai convocar a autoridade britânica no país para cobrar esclarecimentos.
O momento também foi aproveitado pelo ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba. Em disputa pelo direito ucraniano sobre a Crimeia, o chanceler comentou o ocorrido, afirmando que ele mostra que as “políticas agressivas e provocativas” da Rússia no Mar Negro e nas proximidades do Mar de Azov constituem uma “ameaça contínua à Ucrânia e seus aliados”.
Em um tuíte, Kuleba pediu ainda que a Otan coopere com a Ucrânia na região. (Com agências internacionais)