Saia dessa beira de apocalipse
O mundo anda um caos, e o Brasil desanima. A crise dos refugiados sírios e iemenitas é trágica. Trump faz e diz coisas insultuosas. O Brexit expõe fraturas europeias. O Irã ameaça com seu parque nuclear, a Coreia do Norte saca seus mísseis da morte, a Palestina afunda em violência insana. A esquerda naufragou no mundo inteiro, incompetente ou corrupta, abrindo porteiras para ensandecidos radicais de direita. Na Índia e nas Filipinas governos xenófobos estimulam chacinas. Por aqui, o governo se doa ao agronegócio, que nos serve carne de hormônios e cancerígenos, com desmatamento recorde e venenos que matam a biodiversidade. Abelhas caem das asas e insetos somem, matando a polinização. Destruído esse delicado equilíbrio da natureza, dá-se ao planeta terrenos inférteis, flora estéril, desertos que se alargam e mais espécies em extinção. O meio ambiente geme. Geleiras derretem, oceanos enfurecem, explodem trombas d'água, enchentes famintas, tufões ferozes, e terremotos onde havia placidez. Remédios não dão conta de novos vírus e superbactérias. O governo libera fuzis de guerra para civis. O feminicídio cresce como praga. A crise se estende, o desemprego persiste, indústrias fenecem e comércios são enforcados. Alunos meio selvagens são entregues a escolas por famílias irresponsáveis, fazendo caos na vida escolar, e tortura a vida do educador.
E problemas pessoais. Com tanto desemprego, toda família sofre receios de não ter como comer, se vestir e viver. Atordoa quem tem filhos, e teme não poder pagar a escola, comprar uniformes, não saber se irão à faculdade nesses tempos de competição selvagem, teme não tenham trabalho e teme não ter o que deixar para ajudá-los amanhã. Teme não se aposentar, e adoecer, sem plano de saúde ou SUS que o socorra. Teme até não ter como enterrar seus mortos.
Sei disso tudo. Mas quero te dizer. Não viva com esse sentimento de beira do apocalipse. Essa urgência que grita exigente, não ajuda a caminhar. A gente atordoa, acaba não conectando raciocínios, pode dar desespero. Risco de afundar nas sombras amargas do “cachorro negro”, como Churchill denominava a depressão que o acometia de tempos em tempos. Incapacita. Sei que há muitas coisas acontecendo, tanto a resolver, e a gente sem armas para a batalha, sem ferramentas para o serviço, sem solução para os problemas ou remédio para as doenças. É o sentimento de quem vê sua montanha de problemas, e enxerga por detrás dela a cordilheira de crises do país e por cima desta as massas planetárias de dramas mundiais.
Mas se você se sente num Apocalipse, saiba que, na Bíblia, ele não é a tragédia do fim das coisas. É dores de parto, com transformação e recomeços. Final feliz, Deus no controle da história. O bem vence, ao final. Coragem! Calma! Não se desespere. Creia em Deus. Você terá luz para caminhar. Paz, sem desesperos, pois desespero constante é já um tipo de inferno. Jesus veio nos livrar do inferno. Não é ingenuidade. É verdade espiritual. Levante do catre da depressão, abra a janela, respire o sol da manhã. Como o pequeno circo de roça, que remenda a lona humilde e oferece de novo o pão da alegria. Seja o que canta no caminho. E abraça. Conforta. Mantém serenidade, mesmo na tempestade. Seja prudente, mas não tema o amanhã. A cada dia, o seu mal. Com Cristo em você, lute uma batalha por vez. Tenha fé. Fé! Saia dessa beira de apocalipse. As coisas vão dar certo. Uma aurora virá.