Sebrae apresenta Mapa da Moda em Petrópolis e aponta deficiências do setor

22/06/2016 09:00

O resgate da identidade da Rua Teresa e do mercado da moda em Petrópolis, de uma maneira geral, foi um dos assuntos discutidos na última segunda-feira, entre o Sebrae e cerca de 15 empresários do setor. Na ocasião, foram apresentados os resultados de um levantamento, realizado entre fevereiro e março, pela empresa RF Análise e Pesquisa, que permitiu a criação de um Mapa da Moda atual em Petrópolis. O estudo foi feito de forma presencial e os dados apontaram que a cidade conta com 1.300 estabelecimentos, sendo confecções e comércio ligados ao segmento e situados tanto na Rua Teresa, quanto Bingen e Itaipava – onde funcionam os Polos de Moda. Desse número, 354 responderam a um questionário, ou seja, cerca de 30%. A última pesquisa havia sido realizada 10 anos atrás. 

Com os dados é possível ter uma ideia do perfil desse mercado na cidade. O levantamento mostrou, por exemplo, que a maioria das lojas do setor se dedica apenas à atividade de comércio (50%), possui apenas um ponto de venda (60%) e, pelo menos, uma facção (67%). Além disso, o setor de moda feminina prevalece no município (36,1%), seguido da moda masculina (14,8%) e acessórios e bijuterias (10,8%). Outro número expressivo é com relação ao mercado de atuação. Cerca de 75,4% é voltado apenas para a venda local. O faturamento médio anual de quase 40% das empresas é de R$ 60 mil. 

Um dos dados que mais impressionou foi com relação à gestão. Cerca de 44% dos empresários responderam que não possuem instrumentos de produção, 27% não têm registro de fluxo de caixa, seguido de 25% sem controle de custos e 21% que não têm instrumentos para controle de qualidade. Mais de 40% dos entrevistados ainda fazem o controle dos processos, administração de vendas, contas a receber e a pagar, assim como controle de estoque, de forma manual, ou seja, não investiram em um software ou mesmo planilhas informatizadas. 

Os dados apontam ainda que, em média, as empresas do comércio empregam cerca de 4 pessoas, com 70 funcionários no máximo. Já as industriais empregam cerca de 6 funcionários, em média, com o número máximo de 1.000 empregados. 

Para o Sebrae, com esses dados em mãos, é possível traçar metas para que o segmento volte a crescer. Claudia Pacheco, gerente regional da entidade na Região Serrana, afirma que existem dois pontos principais que se destacam hoje na cidade. O primeiro é o turismo e o segundo as confecções. Ela alertou que neste momento é preciso discutir a saída para a crise ou desistir de vez dos polos de moda da cidade. “O que precisamos é reinventar o setor de uma maneira geral. Estamos trazendo especialistas e informações relevantes para que isso aconteça”, afirmou, acrescentando que o fato de a Rua Teresa ter perdido centenas de lojas (foram cerca de 300 nos últimos cinco anos) reflete a perda da identidade. “Faz parte dos nossos planos trazer profissionais que ajudem a resgatá-la. O Sebrae está pensando, discutindo e para criar estratégias sentia falta de uma pesquisa recente como essa que foi apresentada”, disse. 

Com relação aos dados apontados sobre a área da gestão, ela apontou que é uma questão grave. “As empresas precisam investir em informação gerencial. O empresário tem que ter conhecimento sobre tendências, cenário do setor. O que vimos na pesquisa é que boa parte dos comerciantes não tem o básico da gestão”, declarou. 

Carolyne Gomes, da equipe de coordenação de moda do Sebrae Rio, ressaltou que o mercado de uma maneira geral está se reinventando. “O movimento está dentro de toda a moda. Antes as novidades eram apresentadas duas vezes por ano, hoje o cliente busca novos produtos semanalmente”, disse, acrescentando que estamos passando por uma mudança cultural muito grande. “Para sobreviver é preciso, entre outras coisas, investir em produtos diferenciados”, sugeriu. A especialista lembra ainda que o país vive, atualmente, uma crise política e econômica, que está transformando diversos setores. “Os modelos de negócios que adotávamos antes não funcionam mais. É preciso um novo olhar, buscar informações, acompanhar as tendências do mercado”, declarou. 


Menos de 10% dos empresários petropolitanos investem na venda online


Dados do E-bit, empresa referência no fornecimento de informações sobre e-commerce nacional, mostram que, em 2015, o comércio online no país movimentou R$ 41,3 bilhões. Já as informações da pesquisa apresentada pelo Sebrae apontam que os empresários da cidade ainda não perceberam a oportunidade dessa modalidade de venda. Segundo o Mapa da Moda, a maioria dos estabelecimentos vende por meio da loja física – 55,4%. Em seguida aparece a comercialização nas feiras, 25,10%, e o comércio eletrônico aparece em terceiro lugar com 8,58%. 

Para Claudia, os empresários ainda não reconhecem a internet como possibilidade de negócio e a utiliza só como instrumento de divulgação, como mostrou a pesquisa. Cerca de 38,78% deles afirmaram que utilizam as redes sociais como principal forma de divulgação dos produtos. Em seguida, aparece a propaganda, que é feita na própria loja e também em feiras. Os sites das empresas são usados apenas em 11,85% dos casos e um dado que também chama a atenção é que, desse montante, cerca de 10,95% não divulgam os produtos. “O empresário da cidade ainda não entende como explorar o comércio online, que pode ser um alavancador de vendas, possibilitando ainda a ampliação do mercado. É mais uma frente de trabalho”, comentou. 

Outro dado que se destaca é com relação à compra da matéria-prima. Das empresas que responderam aos questionários, 64,9% informaram que adquirem no próprio município. Merece destaque ainda o percentual da compra em outros estados (33%). Poucos (0,9%) realizam esse tipo de compra em outros países, como a China. 

No que diz respeito a informações sobre tendências, o mapa mostra que as fontes mais utilizadas em relação a pesquisas de tendências de Moda são os sites especializados (29,62%), seguido de Revistas Nacionais e Internacionais, com 22,63% e 20,38%, respectivamente. Birôs de Estilo (0,59%) e Viagens Internacionais (1,54%) foram as fontes de informações menos citadas pelos entrevistados. Já 9,95% citaram que não utilizam nenhuma fonte de informação para pesquisas de tendências de moda. 

A questão da qualificação da mão de obra também foi abordada e o número também é preocupante. Em 83% dos casos, os empresários não capacitam os colaboradores. Apenas 15,4% realizam a capacitação dentro da própria empresa. A maioria dos estabelecimentos (76,3%) revelou ainda que não trabalha com um departamento interno voltado para desenvolvimento de produtos/criação. 


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