Sem ajuda, empresários chegam a 90% de queda no faturamento

30/05/2020 11:55

As linhas de crédito prometidas pelo governo federal para tentar ajudar as empresas a sobreviverem em meio a pandemia do Covid-19 não chegaram a quem mais precisa: os micros e pequenos empresários. Burocracia, taxas elevadas e exigências impossíveis de serem realizadas foram alguns dos problemas enfrentados por milhares de empresários. Sem qualquer ajuda para pagar as contas e manter a folha de pagamento dos funcionários, o cenário é desolador e muitos já fecharam as portas para evitar o acúmulo de dívidas.

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“Os bancos aumentando a burocracia documental e as taxas não condizentes com a realidade. Não consegui nenhuma linha de crédito que faça sentido acessar e as mais disponíveis são inviáveis pelas taxas”, lamentou o cervejeiro José Renato Simão, que procurou, sem sucesso, as linhas de crédito oferecidas pelo BNDES e AgeRio. O financiamento é destinado a folha de pagamento das empresas, mas para obter o empréstimo é preciso ter a conta salário vinculada ao banco, além de outras exigências que muitas micros e pequenas empresas não se encaixavam.

Com a queda no faturamento de quase 90% e sem atender as normas dos bancos, José Renato teve que procurar por conta própria formas de não fechar a cervejaria. O jeito foi demitir funcionários e cortar custos. “Para sobreviver tive que suspender contrato de trabalho da equipe, renegociei contratos e o fluxo de pagamento com fornecedores”, disse o cervejeiro. Apesar das dificuldades, ele disse que não pensou em fechar as portas. “Esse pensamento não posso ter, se não a gente não vence. Temos que encontrar sempre alternativas para redução de custos e trazer receita”, comentou.

O presidente do Sicomércio, Marcelo Fiorini ressalta que desde o início da pandemia várias instituições vêm lutando para buscar linhas de crédito que realmente beneficiem as micros e pequenas empresas. “A única até agora foi essa do BNDES para  folha de pagamento, mas que não chegou para boa parte das empresas devido as exigências. O que precisamos é de uma linha direta para beneficiar as empresas como um todo. Não existe só a folha de pagamento, tem os impostos, alugueis, fornecedores, são coisas importantes também dentro de uma empresa”, comentou Fiorini.

O empresário Luiz Fernando Gomes, proprietário da Locanda Della Mimosa, também ressaltou que o governo federal precisa socorrer as empresas, principalmente as micros e pequenas, e que aprove linhas de crédito realmente efetivas. “O turismo foi o setor mais afetado e que não tem previsão de quando voltará as atividades normais. O governo precisa criar mecanismos de ajuda porque os micros e pequenos empresários estão desesperados. Não há mais como agüentar”, frisou.

Luiz criticou o financiamento oferecido pelo Sebrae que cobra das empresas juros pelo empréstimo. “O Sistema S recebe dinheiro público e não deveria cobrar dos já desesperados micros e pequenos empresários juros para intermediar esse crédito. É lamentável e uma vergonha”, ressaltou o empresário.

Na semana passada, o Congresso Nacional aprovou um projeto de socorro as empresas, mas segundo Fiorini, a expectativa é que o dinheiro só seja liberado em julho. “Ainda temos aí quase dois meses de angústia até que isso se resolva e esse socorro chegue. Tivemos até reunidos com representantes das instituições financeiras de Petrópolis, mas eles mesmos disseram que ainda não há prazo para liberação desses recursos”, lamentou o presidente do Sicomércio.

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