Ser responsável e responsivo

14/11/2016 08:00

Isaac Newton, o pai da Física Moderna, foi quem postulou sobre a lei da gravitação Universal. Tem-se, em domínio popular, que ele passou a estudá-la a partir da observação da queda de uma maçã. Há quem diga que a fruta caiu na cabeça dele.

Outra grande contribuição de Newton para a Física Moderna está nas três leis relacionadas à “inércia”, à “dinâmica” e à “ação e reação”:

“Lei I: Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele.”

“Lei II: A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida, e é produzida na direção de linha reta na qual aquela força é aplicada.”

“Lei III: A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.”

Quem vê o povo como “massa” deveria pensar nessas Leis de Newton no contexto social. E quem exerce um cargo político, principalmente no plano executivo, também deveria pensar na reação da sociedade ao assinar um decreto, uma medida provisória e ao elaborar um projeto que venha desestabilizar a vida da população.

O pacote de austeridades elaborado pelo governador do Estado do Rio de Janeiro para vigorar no próximo ano já desencadeou uma série de manifestações populares, envolvendo funcionários públicos estaduais ativos e aposentados. O pacote veio depois que o Governo decretou estado de calamidade pública no âmbito da administração financeira. Ei-lo:

“Art. 1º- Fica decretado o estado de calamidade pública, em razão da grave crise financeira no Estado do Rio de Janeiro, que impede o cumprimento das obrigações assumidas em decorrência da realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.

"Art. 2º- Ficam as autoridades competentes autorizadas a adotar medidas excepcionais necessárias à racionalização de todos os serviços públicos essenciais, com vistas à realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.

"Art. 3º – As autoridades competentes editarão os atos normativos necessários à regulamentação do estado de calamidade pública para a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.”

A conta a ser paga não se refere unicamente às despesas em “decorrência da realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016”, vai muito além; há déficit nas contas públicas proveniente de superfaturamento e do mau uso do erário público para atender a interesses pessoais de senhores da classe política. 

Como se não bastassem as medidas previstas pela PEC 241, estamos agora diante de mais um projeto que coloca a população do Estado em uma situação crítica. A resposta já está nas ruas, nas redes sociais, nas manifestações das galerias da casa legislativa. O povo é responsivo e não admite irresponsabilidade. Uma resposta já foi dada: na última eleição, o partido que governa o Estado não elegeu o prefeito da capital. É preciso compreender as lições da prática democrática. 

Confesso que fico triste quando vejo as ações governamentais exigindo sacrifícios da população que já sofre nas filas dos hospitais, sem uma educação adequada, sem transporte público digno e com um salário que não supre as necessidades básicas. Esse povo, em legítima defesa, manifesta-se na luta pelos seus direitos. 

Não foi uma catástrofe, não foi um terremoto o que levou o país a este caos. Mas uma má administração pública. A ordem e o progresso, já está provado, não existem sem ética e sem responsabilidade.


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