Setranspetro descumpre acordo e atrasa abono salarial de trabalhadores

Data e valor do abono, referente a abril, foram acordados durante a greve dos trabalhadores, mas pagamento deve acontecer com atraso de 11 dias

18/05/2022 08:00
Por Redação/ Tribuna de Petrópolis

Uma das condições para que a greve dos rodoviários fosse encerrada no último mês foi a garantia do pagamento do abono salarial dos trabalhadores, que deveria ter acontecido na última segunda-feira, dia 16. Entretanto, a primeira parcela após o acordo vai ser paga com pelo menos 11 dias de atraso. Por isso, um ofício foi entregue pelo Sindicato que representa os profissionais às empresas de ônibus, cobrando o pagamento e exigindo respeito ao que foi acordado em abril.

O valor e data de pagamento foram definidos durante as negociações da Convenção Coletiva de 2022, durante a greve que foi encerrada no dia 9 de abril. O atraso no pagamento do abono foi informado aos trabalhadores na última sexta-feira, dia 13 de maio, em ofício enviado pelo Setranspetro.

No documento, segundo o Sindicato dos Rodoviários, o Setranspetro alega que as empresas vão efetuar o pagamento do abono atrasado por causa do aumento dos combustíveis e a falta de finalização do aumento da passagem do transporte público em Petrópolis.

Em resposta, o Sindicato dos trabalhadores enviou um ofício ao Setranspetro, destacando que está aberto ao diálogo com as empresas.

“No ofício que entregamos, em resposta ao oficio do patronal, relembramos que sempre estivemos abertos a negociação, mas ressaltamos que foram eles que judicializaram as negociações deste ano, ao levar a questão para o TRT – Tribunal Regional do Trabalho, antes da votação e do estabelecimento de greve por parte dos trabalhadores da categoria, realizada em Assembleia Geral dos Trabalhadores”, pontuou Luis Antônio de Souza Ferreira, Vice-presidente do Sindicato.

O vice-presidente do Sindicato pontuou, ainda, que ao passo que o Setranspetro justifica o atraso do pagamento com o aumento do combustível e de outros itens, o Sindicato dos Trabalhadores pontua que a luz residencial aumentou pelo menos 21%, que a telefonia aumentou cerca de 18%, rubricas que constam nas planilhas de despesas dos trabalhadores que não tem o direito de justificar atraso no pagamento de nenhuma conta no dia a dia.

Do outro lado, o Setranspetro justifica o atraso devido à crise que o sistema de transporte público enfrenta. “Além da crise provocada pela Covid-19, a operação dos coletivos foi interrompida por duas catástrofes naturais na cidade e também a greve dos rodoviários, que fizeram com que as empresas acumulassem prejuízos e não tenham fluxo no caixa para arcar com o abono na data combinada”, diz a nota das empresas enviada ao jornal.

Além destes agravantes, as operadoras alegam que estão se esforçando para comprar os insumos básicos para manter a operação, uma vez que, somente o preço do óleo diesel, por exemplo, subiu mais de 80% no acumulado dos últimos dois anos e oito meses, data que aconteceu o último reajuste tarifário na cidade.

As empresas de ônibus seguem destinando os recursos para a operação elementar e, como alternativa, solicitaram o adiamento do abono para o dia 27 de maio de 2022, para juntar recursos até a data e efetuar o pagamento, informaram.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores, uma nova negociação para tratar do atraso no abono não está entre as alternativas.

“Não pode haver negociação no que tange ao pagamento ao atraso no pagamento do abono. Não pode haver negociação com relação ao repasse do adiantamento salarial no prazo acordado por meio da Convenção Coletiva nem com relação ao pagamento dos salários na data estabelecida pela Lei. Não pode haver negociação no que diz respeito a entrega do valor referente a cesta básica em data firmada entre as partes. Não há negociação viável quando de um lado há o trabalhador e a sua dignidade e do outro lado a empresa e o não cumprimento das suas obrigações legais. Não aprovamos ou concordamos com o atraso do repasse do abono salarial e juntamente com nosso Setor Jurídico, encontraremos os caminhos legais para sanar a questão”, finalizou Ferreira.

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