Sistema bancário mostra resiliência em todos cenários adversos simulados, diz BC

30/abr 12:47
Por Célia Froufe e Fernanda Trisotto / Estadão

O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) divulgado nesta terça-feira, 30, pelo Banco Central, identificou que a rentabilidade das instituições financeiras apresentou uma tímida recuperação no segundo semestre de 2023 e que o sistema bancário mostra resiliência quando confrontado em testes e análises em todos os cenários adversos. “Após dois semestres em declínio, a rentabilidade do sistema bancário apresentou tímida recuperação, com perspectiva positiva para 2024”, previu a autoridade monetária.

De acordo com o documento, o aumento das despesas com provisões foi uma causa importante para o recuo da rentabilidade nos semestres anteriores. Essas despesas, porém, estabilizaram-se no segundo semestre de 2023 e deverão estar menos pressionadas em 2024 em razão da melhor qualidade das concessões de crédito recentes, conforme o BC.

Além disso, o REF destacou que a queda da taxa Selic reduz as despesas com captações, ameniza o risco e estimula a demanda por crédito e outros serviços bancários. “A rentabilidade pode se beneficiar também do processo de desinflação, que diminui as pressões sobre os custos operacionais”, observou.

O BC também diagnosticou que o sistema bancário elevou o colchão de liquidez, que permanece confortável para manter a estabilidade financeira. Esse aumento deve-se à combinação do crescimento estável das captações com o cenário de desaceleração do crescimento do crédito, segundo o REF. Além disso, o documento acrescentou que os títulos e valores mobiliários (TVMs) valorizaram-se em decorrência da queda da taxa de juros.

De acordo com a autoridade monetária, as alterações regulatórias recentes e o aumento do escopo de instituições deram mais robustez à análise de capital. As alterações regulatórias referem-se à nova regulação prudencial para os conglomerados integrados por instituições de pagamento (IPs), que tornou a exigência de capital mais adequada aos riscos incorridos; e ao aprimoramento dos procedimentos para cálculo da parcela dos ativos ponderados pelo risco de crédito, que contribuiu para o aumento da margem de capital do sistema. “Além disso, o BC ampliou o rol de instituições abordadas na análise de capital para incluir outras instituições além das entidades bancárias.” Para o Banco Central, a margem de capital regulatório não é restrição para a expansão da oferta de crédito de forma sustentável.

Simulações.

Os resultados de diversas análises de risco e dos testes de estresse de capital e de liquidez continuam demonstrando a resiliência do sistema bancário em todos os cenários adversos simulados. “Os resultados dos testes de estresse de capital permanecem indicando que não haveria desenquadramentos relevantes”, pontuou a instituição.

As análises de sensibilidade também indicam boa resistência aos fatores de risco, simulados isoladamente, de acordo com o BC. O resultado dos testes de estresse de liquidez, por sua vez, demonstra a capacidade dos bancos para suportar eventuais perdas extremas com captações; saídas de caixa para honrar chamadas de margens e garantias e potenciais desvalorizações em ativos líquidos; saídas de depositantes e perdas de valor de mercado; e suportes de liquidez a fundos de investimento geridos pelas empresas ligadas a integrantes do sistema bancário.

No segundo semestre de 2023, ainda de acordo com o REF, os Sistemas do Mercado Financeiro contribuíram para o funcionamento seguro e eficiente dos mercados. “O sistema financeiro manteve liquidez intradia suficiente para garantir a fluidez das transações no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)”, trouxe o documento, acrescentando que as liquidações do mercado interbancário deram-se sem nenhuma ocorrência significativa. O BC também enfatizou que as exposições de crédito e de liquidez foram adequadamente gerenciadas pela Contraparte Central (Central Counterparty – CCP) em todos os dias do período.

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