Só com medidas efetivas para evitar aglomerações será possível evitar colapso na rede de saúde, diz especialista

14/12/2020 09:48

“Só com medidas efetivas para evitar aglomerações será possível evitar um colapso na rede de saúde”. O alerta é do infectologista Marco Lisserne, que demonstra preocupação com o aumento dos números de casos de covid-19. Ele diz que é essencial manter o uso de máscaras e do álcool em gel e pede maior fiscalização da prefeitura em relação ao cumprimento das regras sanitárias.

A cidade vem registrando aumento na quantidade de casos de covid-19, o que ocorre na mesma velocidade em que vem crescendo as aglomerações.  “Se não tiverem medidas realmente efetivas para evitar as aglomerações e fazer com que as pessoas mantenham o distanciamento social não há como ser otimista. O que estamos vivendo agora nunca foi visto desde o início da pandemia”, alertou o infectologista. “Parece que as pessoas não estão tendo consciência da gravidade da situação e dos riscos. Os hospitais estão lotados e a situação vai piorar em janeiro se nada for feito”, ressaltou, lembrando que muita gente acaba levando o vírus para dentro de casa, infectando os idosos, que são mais suscetíveis à doença.

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Para quem precisa trabalhar diariamente é quase impossível manter o distanciamento social dentro do transporte coletivo. A Tribuna vem recebendo denúncias e relatos de usuários que constantemente têm que entrar em ônibus lotados. “Tem motorista que ainda respeita a regra e impede que mais alguém entre quando chega na ocupação exigida, mas nem sempre é assim, principalmente nos horários da manhã e à noite, quando a demanda é maior e a quantidade de ônibus é insuficiente”, disse o bancário Eduardo Rodrigues, de 50 anos.

Segundo o infectologista, o risco para quem anda em um ônibus lotado é o mesmo de quem está aglomerado em lojas, supermercados, bares, restaurantes e em festas. “O distanciamento social é fundamental para controlar o aumento dos casos. Pegar ônibus lotado ou estar aglomerado dentro de um estabelecimento traz riscos”, ressaltou o especialista.

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Os problemas no transporte público na cidade vêm sendo discutidos desde o início da pandemia pelos ministérios públicos Federal e Estadual. Uma ação foi aberta na 4ª Vara Cível para que as empresas de ônibus retornem com a circulação de 100% da frota, mas ainda não há uma determinação da Justiça. 

De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Petrópolis (Setranspetro), atualmente o sistema está operando com 75% dos carros. Ainda de acordo com o sindicato, existem linhas que operam com 100% dos veículos e horários realizados antes da pandemia e outras linhas estão com 80%.

Em nota, o sindicato informou também que “o Sistema de Transporte de Petrópolis enfrenta a maior crise econômica e financeira de todos os tempos, que gerou um prejuízo acumulado de mais de 36 milhões, entre os meses de março e outubro desse ano. Os valores arrecadados pelos passageiros pagantes na roleta não são suficientes para custear as despesas mais básicas, como folha de pagamento e compra de óleo diesel, e, por esta razão, o Setranspetro vem alertando a todos sobre o risco iminente de um colapso. Para o Setranspetro, é necessário incluir o transporte coletivo no orçamento público, para não taxar apenas quem paga pela tarifa. Ainda assim, como compromisso de realizar a sua prestação de serviço para a população, a frota segue com operação superior à demanda atual”.

 

A Tribuna também questionou a Prefeitura sobre as medidas que estão sendo adotadas para conter as aglomerações nos coletivos. Em nota, o governo municipal informou que “a CPTrans atua diretamente para regularizar a oferta e demanda da frota de ônibus da cidade desde o início da flexibilização. A CPTrans cobra, principalmente em horários de pico, o atendimento da demanda das empresas de ônibus. Vale destacar que a CPTrans também cobrou o reforço na operação de diversas linhas, com destaque para os troncais que atendem os distritos. Todas as decisões relacionadas às linhas em operação são feitas com embasamento técnico, que correlaciona a demanda e procura pela mesma ao longo de todo o dia. Quando existe uma deficiência, a CPTrans realiza a regularização da oferta nos horários necessários”.

Ainda segundo a Prefeitura, desde do início da reabertura do comércio, a CPTrans já fiscalizou 3,5 mil ônibus, para verificação do cumprimento das recomendações da Nota Técnica que restringiu o total de usuários por viagem, uso obrigatório de máscara facial pelos usuários e tripulação e manutenção da ventilação interna dos veículos por meio de abertura de janelas e escotilha de teto. A partir da emissão da nota técnica foram promovidas 27 operações até o momento. A população pode encaminhar as denúncias pelo telefone 156 ou pelo site da CPTrans.

Sobre as ações de conscientização e fiscalização, a Prefeitura frisou que vem intensificando a operação Choque de Ordem nas ruas do Centro e nos bairros. Além disso, a prefeitura ampliou, ainda, as ações de conscientização da população através de carros de som em ruas e bairros da cidade, e com mensagens nas redes sociais da prefeitura.

 

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