Somente obscuridade

22/11/2018 09:50

Somente obscuridade. Eis que a política nacional continua da mesma forma de antes, ou muito antes, até chegando ao primeiro Cabral que aportou lá pelas bandas baianas e ouviu a euforia oficial de que a terra era dadivosa e que tudo nela plantando daria.  E deu: um outro Cabral, hodiernamente, sequenciou o dito, conseguindo a falência múltipla de todos os organismos governamentais da velha província, reflorestando o frondoso arvoredo de uma espécie chamada corrupção. Que medrou e medrou e deu… Desculpas ao leitor acreditando ser possível que complete a frase. Eu não posso fazê-lo; nem falar bobagens já que estou de quarentena cívica na lama geral na qual estou afogado desde que nasci brasileiro.

Na esfera nacional, parecendo que tudo mudou ou que mudanças poderão ocorrer, verifica-se que a classe política continua a mesma, sendo convidadas personalidades antigas para os novos comandos, a maioria já tendo exercido cargos públicos – e deles sempre vivendo e sobrevivendo – e alguns  já tendo frequentado corredores e gabinetes de espertalhões (será que o são, mesmo?) ligados a siglas políticas e empresariais hoje pouco respeitáveis (melhor dizer : respeitadas). Difícil viver e conviver assim, não é mesmo?

Ainda bem que o idioma português possui um tijolão chamado dicionário que tem sinônimos para tudo e muito mais.  Afirmar-se que faltam palavras, por aqui não cola. O que anda acontecendo é que o vocabulário no conteúdo popular é muito escasso, feio e, até, de mau gosto, onde predominam os palavrões e as imprecações (meu bom Deus, ressuscitei uma antiguidade linguística!), coisa-e-tal que anda na boca de todos, principalmente da classe dos políticos.  Insulta-se gratuitamente nos plenários, sai-se no braço e até as senhoras políticas já andam proferindo insultos chulos e ferinos. Aliás, existe no Senado Federal uma senadora que reclama que ninguém a escuta e que ficam rindo quando ela está tratando, na tribuna, de imensos problemas nacionais.

Somente obscuridade, sim senhor e sim senhoras.

O que nos reserva o próximo ano, com novos mandatos, com jovens políticos já correndo atrás das benesses e os antigos encastelados nas sinecuras de sempre?!

Luz, seria o desejável, porém ainda falta… Falta! Falta, o que? A célebre luz no final do túnel?

Mas se o túnel está obstruído pela lama das encostas dos encostados da política e dos aproveitadores de todos os tipos, onde está essa malfadada luz?

No exame do Enem provavelmente algum candidato respondeu a essa pergunta, mesmo sem entender o que escreveu ou mesmo capaz de compreender o tema da redação, resolvendo tudo com a expressão em um neologismo só: “tamoaigalera”.

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