Sonho da casa própria vira pesadelo para moradores do conjunto habitacional da Posse

11/07/2020 09:04

Uma história que parecia ser a realização de um sonho para quem perdeu tudo em deslizamentos e enchentes na cidade se transformou em um pesadelo. O Conjunto Habitacional da Posse foi entregue com as obras feitas pela metade. Já se passaram quase quatro anos da mudança dos moradores para as primeiras unidades feitas pela Prefeitura e ainda há dois blocos inacabados. As unidades de responsabilidade do Governo do Estado não receberam o acabamento externo e, por dentro, os moradores listam os problemas que aguardam solução.

O Conjunto Habitacional Oswaldo Santarsieri é um dos empreendimentos de interesse social do Programa Somando Forças, destinado a famílias que perderam suas casas em ocorrências ocasionadas pelas chuvas, como deslizamentos e enchentes. A ocupação destas unidades deveria seguir uma série de regras, que na prática não foram cumpridas. 

A primeira delas é que as unidades deveriam ser ocupadas após a finalização das obras. Ainda com os apartamentos internamente inacabados, muitas famílias aceitaram entrar nas unidades por medo de perder o benefício do aluguel social. Um futuro morador que aguarda o acabamento do apartamento para fazer a mudança disse que se sente pressionado para ocupar com o apartamento do jeito que está, pelo medo de ter o benefício cortado. 

Os apartamentos têm problemas nas instalações elétricas e hidráulicas, forro de gesso e janelas. Além dos problemas estruturais do condomínio, há problemas sociais desenvolvidos na convivência dos moradores. Uma moradora contou a Tribuna que a mudança dos moradores para as unidades não foi acompanhada por nenhum tipo de assistência social, e para ela isso traz reflexos até hoje na convivência entre os vizinhos. “Não temos um condomínio formado. Não tivemos assistência de um técnico social. Por isso virou uma terra sem lei, porque alguns moradores fazem uma zorra lá”, relatou. 

Os moradores vêm cobrando obras de reparo e melhorias no condomínio há anos. No ano passado, a Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (Cehab) retomou as obras, mas foram paralisadas em dezembro. Questionada sobre a retomada, a companhia respondeu em nota que as obras estavam previstas para serem retomadas no início de março, após a abertura do orçamento para 2020, mas por conta da pandemia os serviços foram suspensos. “A Cehab está providenciando a liberação do empenho para retomar imediatamente as obras”, informou.

A Prefeitura também foi questionada sobre os reparos nos apartamentos e a entrega dos blocos restantes, e respondeu em nota que “a Secretaria de Obras está fazendo uma rerratificação do cronograma de obra e orçamentário, que será apresentado para a Caixa Econômica Federal. Após ser aceita pelo banco público, será dada ordem de reinício para o trabalho no local pelo Consórcio Construir. Também será feita vistorias nos apartamentos já ocupados para verificar a necessidade de manutenções”.

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