Sonho da volta do trem ganha mais um capítulo

25/03/2018 07:00

A sonhada reativação da Estrada de Ferro Mauá ganhou mais um capítulo na última semana: a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, em segunda discussão, o projeto de lei que cria o Programa Estadual de Recuperação da Malha Ferroviária do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo é fomentar o turismo no Estado com a recuperação de diversas linhas, revitalizando, assim, as regiões e atraindo novos investimentos.

O projeto contempla 15 ramais, entre eles o que liga Magé a Petrópolis. O texto agora segue para redação final para, depois, ser votado novamente em plenário, o que deve acontecer nas próximas semanas. Se for aprovado, o projeto segue para sanção do governador Luiz Fernando Pezão.

A aprovação em segunda discussão do programa animou o ferroviário e pesquisador Antonio Pastori, que fez um parecer para o projeto. "O trecho de Petrópolis está incluído e há 99% de chance de ser aprovado", comemorou. Pastori acredita que o projeto entre na pauta ainda esta semana. "Estamos caminhando e são boas as notícias", ressaltou.

O projeto é de autoria dos deputados Enfermeira Rejane (PCdoB), Jânio Mendes (PDT), do deputado afastado Edson Albertassi e dos ex-parlamentares Sabino, Andréia Busatto e Roberto Henriques. Estão incluídas na proposta os ramais de Santa Cruz – Mangaratiba; Sumidouro; Maricá – Cabo Frio; Macaé – Campos dos Goytacazes; São João da Barra (EF SESC Grussaí); Campista – Campos dos Goytacazes – Miracema; Saracuruna – Cantagalo; Conrado – Miguel Pereira – Paty do Alferes; Serra de Petrópolis (Magé – Guia de Pacopaíba a Piabetá e Magé – Vila Inhomirim a Petrópolis; Trem Mata Atlântica (Angra dos Reis – Lídice – Barra Mansa); Fazenda Mato Alto (Guaratiba); Paraíba do Sul – Três Rios – Sapucaia; Barrinha (Barra do Piraí – Japeri); Porto de Mauá (Magé) – Fragoso/Vila Inhomirim e Barra do Piraí (Central – Ipiabas).

O texto determina que a Secretaria de Estado de Transportes promova a análise da malha ferroviária existente, elabore o projeto de recuperação, que deverá contar com o orçamento das obras e o cronograma para sua implantação. "O projeto era de 2012, mas não foi aprovado. Passou por várias comissões e recebeu emendas, sendo desenterrado em 2017", explicou Pastori.

No texto de 2012 apenas oito ramais estavam contemplados: Santa Cruz – Mangaratiba; Sumidouro – Caratinga – Três Rios; Maricá – Cabo Frio; Macaé ( Búzios, Barra de São João, Rio das Ostras); Campista – Campos dos Goitacazes – Miracema; Areal – São José do Vale do Rio preto; Saracuruna – Cantagalo e Conrado – Miguel Pereira.

A Estrada de Ferro Mauá foi desativada há mais de 50 anos. Hoje, a ocupação irregular é um dos principais entraves para a sua reativação. Ao longo da Estrada Velha da Estrela – entre a Lopes Trovão e o Meio da Serra – é possível ver as construções invadindo a mata e ocupando toda a linha do trem. Desde a sua desativação, inúmeros projetos para a retomada dos passeios já foram apresentados, mas nenhum deles foi colocado em prática.

A Estrada de Ferro Mauá foi inaugurada em 1854. Naquele ano, o barão que dá nome à ferrovia inaugurou seu primeiro trecho, entre Guia de Pacobaíba e Raiz da Serra. Em 1883, a via foi estendida até Petrópolis pela Companhia Grão-Pará. Era comum que Dom Pedro II partisse de barca da Praça XV, desembarcasse em Magé uma hora depois e, por meio do trem, chegasse à cidade imperial. Com a construção da Estação Leopoldina em 1926, a ligação hidroviária entre a Praça XV e Magé foi desativada e a conexão ferroviária entre o centro do Rio e Raiz da Serra passou a ser feita pelo que se tornou hoje o ramal Vila Inhomirim.

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