Suíça dará prêmio para melhores ideias de como retirar munições descartadas em lagos

27/ago 12:50
Por Katharina Cruz / Estadão

O Departamento Federal Aquisições de Defesa da Suíça (Armasuisse) lançou um concurso para buscar ideias de como recuperar de forma ecologicamente correta e segura munições antigas descartadas em vários lagos do país entre 1918 e 1964. As três melhores ideias da competição serão anunciadas em abril e receberão um prêmio em dinheiro de 50 mil francos suíços (cerca de R$ 325 mil).

As ideias obtidas por meio do concurso não deverão ser implementadas imediatamente, mas o governo planeja que elas possam servir como base para esclarecimentos adicionais ou para o lançamento de projetos de pesquisa. De acordo com o comunicado do Armasuisse, a maior parte das munições submersas estão no Lago Thun, no Lago Brienz e no Lago Lucerna, a uma profundidade de 150 metros a 220 metros.

A tarefa, no entanto, é considerada tão complexa que o anúncio do concurso alerta que “presume-se que indivíduos privados que tenham um conceito de solução que atenda aos requisitos da tarefa devem unir forças com uma empresa”. O departamento explica que isso ocorre porque, mesmo que uma implementação das soluções vencedoras não seja esperada imediatamente, caso a implementação venha a ocorrer, ela não poderá ser realizada por um indivíduo privado sozinho.

O governo disponibilizou documentos para que os candidatos avaliem a situação e apresentem suas propostas. O prazo para o envio das sugestões é até o dia 6 de fevereiro de 2025. Os trabalhos enviados serão avaliados por um painel de especialistas, composto por autoridades, institutos e instituições de ensino superior.

Complexidade e riscos

Segundo o Armasuisse, o concurso visa envolver cada vez mais a academia e a indústria nas considerações sobre como a recuperação das munições poderia ser realizada, caso sua presença nos lagos se torne um problema. “Esse poderia ser o caso se, contra todas as expectativas, a liberação de poluentes de munição submersa fosse estabelecida durante o monitoramento contínuo da água do lago”, destaca o comunicado.

Essa não é a primeira vez que o país tenta resgatar as munições. A avaliação de possíveis técnicas de recuperação em 2005 mostrou que todas as soluções propostas para recuperação de munição disponíveis na época levariam a uma turbulência maciça de lodo e altos riscos para o ecossistema sensível do lago.

“A munição submersa é coberta por uma fina camada de sedimentos de até 2 metros de espessura. Se os sedimentos forem agitados durante a recuperação, isso pode levar à perda de oxigênio, que só está disponível em baixas quantidades nessa profundidade, e, como resultado, a danos no ecossistema do lago”, diz o Armasuisse.

Além da visibilidade ruim e dos riscos de explosão, a profundidade da água, a corrente e as dimensões e condições das munições submersas, que podem pesar até 50 kg, dificultam a tarefa. Segundo o Armasuisse, a maioria dos componentes das munições consistem em ferro e são magnéticos, no entanto, certos detonadores são feitos de cobre, latão ou alumínio não magnéticos. Todos esses fatores representam grandes desafios para a recuperação ecologicamente correta dessas munições.

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