Suspeitas de fraude e inflação movem campanha na Pensilvânia

09/11/2022 08:06
Por Luciana Rosa, especial para o Estadão / Estadão

A Pensilvânia é um dos Estados mais divididos dos EUA. Governado por um democrata, Tom Wolf, tem um senador de cada partido – Bob Casey, democrata, e Pat Toomey, republicano. O presidente Joe Biden derrotou Donald Trump, em 2020, por apenas 1,2 ponto porcentual. Agora, novamente, é ali que o futuro dos EUA será decidido.

A pequena Pennsburg, cidade rural da Pensilvânia, de 4 mil habitantes, fez festa ontem para acompanhar o comício que encerrou a campanha do candidato republicano ao Senado, Mehmet Oz. Cirurgião renomado, ganhou o apoio de Trump e popularidade por seu trabalho na TV como apresentador do programa Dr. Oz Show.

Para muitos que enfrentaram o frio para vê-lo falar, a preocupação é com as fraudes e com o custo de vida. Como Tara Kyle. “Estou esperançosa de que eles façam a coisa certa e contem os votos corretamente desta vez”, disse Tara, referindo-se à cantilena repetida pelos aliados do ex-presidente, de que o sistema eleitoral americano está sujeito a falhas.

Economia

Kelly Shall Meyer também espera que e eleição ocorra sem fraudes, mas ela se preocupa mais com outro tormento: a inflação. “Temos um negócio de caminhões e escavadeiras, e também somos agricultores”, conta. “A alta do preço do combustível nos atingiu com força. Os fertilizantes também ficaram mais caros.”

Do lado democrata, o pânico é com relação às ameaças ao sistema. “Há muita ansiedade por todos os lados, quanto à condução das eleições e às ameaças a funcionários eleitorais”, afirmou Ken Kollman, professor de ciências políticas da Northwestern University. “Os tribunais se tornarão cada vez mais importantes à medida que as cortes recebem ações judiciais e contestações legais.”

Para ele, os republicanos estão disseminando dúvidas sobre a integridade das eleições, especialmente em Estados americanos onde há muita força entre os democratas. O objetivo, segundo ele, seria suprimir parte do eleitorado.

O adversário do republicano Oz na disputa por uma vaga no Senado é o vice-governador democrata John Fetterman. A maioria das pesquisas aponta um empate técnico entre os dois candidatos. Em jogo, está o controle do Congresso, até então dominado pelos democratas.

O destino da Pensilvânia é tão crucial para a disputa que, no fim de semana, o ex-presidente Barack Obama, uma espécie de curinga do Partido Democrata, participou de um comício em Pittsburgh, segunda maior cidade do Estado, acompanhando Fetterman.

Biden, que nasceu na Pensilvânia, também escolheu o Estado para fechar a campanha das eleições legislativas de meio mandato. O presidente apareceu ao lado de Obama, Fetterman e do candidato ao governo do Estado, Josh Shapiro.

Trump

No fim de semana, Trump também fez um tour pela Pensilvânia, cortejando eleitores conservadores do sudoeste do Estado, ao lado de Oz e de Doug Mastriano, que disputa o cargo de governador. O ex-presidente ainda tem uma grande influência sobre o eleitor rural, que repete a narrativa de que a eleição presidencial de 2020 foi roubada.

A sensação de que os resultados foram uma fraude continua viva até hoje, principalmente entre os eleitores como Paul Dallmeier, em Pennsburg. “Foi muito difícil olhar para um comício de Trump, ver milhões de pessoas e depois ir a um comício de Biden e ver cinco carros no estacionamento e pensar que ele ganhou”, reclamou. “Mas eu não sou o cara mais inteligente do mundo. Só acho que tenho bom senso.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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