Tanques, escolas…
"Oferecer uma educação de péssima qualidade, está na raiz da violência". Esta frase foi pronunciada pelo historiador e à época inspetor-geral do Ministério da Educação da França (2007) em visita ao Brasil para participar de um Congresso sobre os “Custos do Analfabetismo Funcional”. Não teria sido o primeiro nem o último, mas como especialista europeu seriam palavras alarmantes há mais de uma década.
Praticamente anunciava o quadro em que nos encontraríamos neste momento, "…educação ou tanques nas ruas".
Para Jean Hérbrard, o “lugar onde se partilha uma cultura comum é absolutamente essencial em uma democracia”, em uma referência à escola pública que existia e uma crítica à dualidade educacional brasileira, extremamente discriminadora, imposta a partir dos anos 50 atendendo aos interesses discriminatórios de grupos sociais que não desejavam que a escola pública brasileira, forjada para uma classe média, abrigasse classes não prestigiadas do cenário social para as quais estas escolas haviam sido criadas.
"A violência nasce desta falta de convivência", assim ocorre a necessidade de forjar novos espaços sociais de inclusão e não de desconfiança. Necessária à qualificação para mais oportunidades, para que este povo não se torne refém de grupos manifestamente criminosos, sejam estes de política ou ideologia.
Hébrard dizia à época que se fazia necessário que a "escola reaja", torne-se capaz de trabalhar uma nova cultura social, essencial para reconstruir os parâmetros básicos de uma democracia. Quando observamos o quadro atual em uma visão diagnóstica observamos o risco que nossa incipiente democracia corre.