Tapera: a história do quilombo petropolitano vira documentário

04/07/2021 12:16
Por Redação/Tribuna de Petrópolis

A história do único quilombo ainda existente em Petrópolis virou tema do documentário “Saberes, corpos ancestrais – Quilombo da Tapera”. Produzido por Mickael Ramos que é performer ativista, coreógrafo e diretor de arte e pela dançarina Sulamita Costa, o vídeo é um relato da vivência quilombola e dos ensinamentos éticos e culturais mantidos e passados por gerações.
O documentário, que tem 48 minutos de duração, tem como objetivo evidenciar a ancestralidade e trazer as reflexões sobre a origem do quilombo como um resgate identitário da história do povo negro em Petrópolis. O projeto foi custeado pela Lei Aldir Blanc e o vídeo está disponível neste endereço.
“É importante ter a nossa história contada para que a nossa cultura não se perca e para que mais pessoas conheçam nossa comunidade pela história verdadeira e que é contada por nós descentes de Sebastiana. As pessoas precisam sim saber que em nossa cidade existe um quilombo que resiste e que preserva os conhecimentos e a sabedoria de seus antepassados. O importante legado de Sebastiana não pode ser esquecido”, ressaltou Denise André Barbosa Casciano, diretora cultural da Associação Remanescentes do Quilombo da Tapera.

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A iniciativa começou em novembro de 2020, quando Mickael e Sulamita apresentaram a proposta para os quilombolas. O projeto foi elaborado, inscrito no edital da Lei Aldir Blanc e aprovado em dezembro do ano passado. “Topamos na hora por que já tínhamos o sonho de ter algum projeto proposto pela gente. Eles também são pessoas bem próximas e de nossa confiança, por isso com certeza conseguiriam contar nossa história com segurança e respeito”, disse Denise.
Foram quatro meses de reuniões e entrevistas, e as gravações tiveram que acontecer em dois dias devido as precauções sanitárias em relação a pandemia. “A ideia é que o povo preto entenda a importância de estar se organizando e que se sinta parte dessa história também. Que se sinta representado na história do quilombo, que hoje tem uma base sólida. Que essa história não está só no passado do nosso povo”, disse Sulamita.

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Para Mickael a realização do projeto tem como principal objetivo levar a história do quilombo para além da Tapera. “Era a vontade de documentar e trazer para cena a existência desse quilombo que ainda existe e resiste. Muitos petropolitanos não conhecem essa história tão próxima. A ideia é criar essa força entre a comunidade e levar esse conhecimento e cultura para a cidade e para o Brasil”, ressaltou.
O Quilombo da Tapera fica localizado na região do Vale da Boa Esperança, em Itaipava e atualmente conta com 16 famílias. Eles são descendente de africanos escravizados na fazenda Santo Antônio. Há 10 anos a comunidade foi reconhecida oficialmente pela Fundação Palmares. A história, cultura e saberes da Tapera também já foram contadas em um curta metragem e em livros.


Serviço:
“Saberes, corpos ancestrais – Quilombo da Tapera”
Direção: Mickael Ramos e Sulamita Costa
Protagonistas: Tereza Cristina Casciano, Jorge Casciano, Eva Lucia Casciano, Denise André Barbosa Casciano, Jackson Damião Casciano do Nascimento
Participação: Jair Vitória do Nascimento
Poesia: Vinícius Francisco
Captação e edição: Ariel Barbosa
Financiamento: Lei Aldir Blanc Petrópolis – RJ
www.youtube.com/quilombodatapera

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