Taxas de juros têm forte alívio com Treasuries, após Jolts abaixo do esperado

04/set 18:05
Por Caroline Aragaki e Gustavo Nicoletta / Estadão

Em queda desde cedo e em toda a extensão da curva, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) acompanharam principalmente o alívio nos juros dos Treasuries após relatório de emprego Jolts abaixo da expectativa nos Estados Unidos. Já no noticiário brasileiro, a produção industrial abaixo do esperado tira pressão principalmente do vértice curto, que ontem havia se estressado com PIB acima do esperado; e as falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicando que o governo respeitará o arcabouço fiscal aliviaram ainda mais as taxas longas.

O relatório Jolts mostrou que a abertura de postos de trabalho nos Estados Unidos caiu para 7,673 em julho, abaixo da expectativa de analistas consultados pela FactSet de abertura de 8,1 milhões de vagas em julho.

“Naturalmente, com mercado de trabalho mais fraco nos Estados Unidos, temos perspectiva de chance de cortes nos juros pelo Federal Reserve (Fed). Então os juros dos Treasuries caem, e nossa curva segue por ter correlação, principalmente nas taxas mais longas. Isso porque a magnitude de cortes pelo Fed é uma referência para demais bancos centrais”, afirma Filipe Arend, head de renda fixa da Faz Capital.

De fato, o monitoramento do CME Group mostrou nesta quarta-feira que a chance de o Fed cortar juros em 50 pontos-base neste mês se aproximou da probabilidade de haver um redução mais tímida, de 25 pontos-base. Pela tarde, as taxas de DIs renovaram mínimas por toda a curva, acompanhando o movimento dos Treasuries.

Ainda que o indicador mais relevante, o payroll, venha apenas na sexta-feira, o Jolts “é um bom termômetro e sinaliza que a economia dos EUA está desacelerando”, avalia Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio na The Hill Capital. “À medida que ganha peso maior a queda de juros de 0,50 ponto por lá, tira pressão dos nossos juros.”

No Brasil, o destaque da agenda ficou para a produção industrial, que recuou 1,4% em julho ante junho, pior do que a mediana de -0,9% do Projeções Broadcast. Dessa maneira, “acaba tirando o peso da necessidade de alta dos juros”, segundo Marcela Kawauti, economista-chefe da gestora Lifetime.

Em relação ao fiscal, pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, garantiu que a determinação do presidente Lula é de que o governo persiga as metas de resultado primário e respeite o novo arcabouço, aprovado em 2023. Segundo Bolzan, o mercado viu as declarações com bons olhos.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 caiu a 11,770%, ante 11,912% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2027 recuou a 11,785% de 11,942% do ajuste, e a de janeiro de 2029 cedeu 11,965%, ante 12,107% de ontem.

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