Táxi, Uber, pirata e companhia

28/04/2019 07:00

Quero contribuir com este importante debate sobre transporte público auxiliar de Petrópolis. O meu mestre querido Dr. Philippe Guédon, sempre nos lembra que, no Brasil, ou é cem ou zero, nunca se conversa para chegar a um consenso médio.

No que diz respeito aos táxis, é preciso lembrar como tudo começou, há muitos anos. O cidadão ganhava uma permissão para um local, onde com seu automóvel, de qualquer cor, passava a transportar passageiros. Quando morria, essa permissão passava para a esposa, que depois passava para um dos filhos, e a coisa vem assim há muito tempo.

Quando um dos seus não queria trabalhar como taxista, o herdeiro alugava o ponto para outro trabalhar ou, por dentro, vendia a licença.

É fácil hoje criticar, mas era assim, e, hoje, ainda existem muitas senhoras e senhores que vivem desse aluguel, e todo mundo sabe que é assim. Como acabar com isso e matar parte desses velhinhos de fome?

O que pode acontecer, nesta atual discussão, é fazer o jogo da verdade, quando estes titulares, herdeiros ou os que compraram com sacrifício “seus pontos” morrerem, a permissão deve voltar para o município. O que seria feito, a partir daí, é assunto para outra discussão.

Hoje, o sistema auxiliar de transporte público, composto por táxis legalizados, vans de transporte escolar legalizadas, funciona com as mesmas normas de 30 anos atrás.

Os táxis funcionam assim: menos de 5% estão nas mãos dos permissionários. Do restante, de 20% a 30% foram alugados pelos permissionários legais e os demais estão entregues a rendições, que são remunerados com 30% do que faturam com seu trabalho, sem direito a qualquer seguro social ou garantia trabalhista.

Com o surgimento de aplicativos, como o Uber – que ninguém sabe onde ficam, nas nuvens, talvez. O cidadão se cadastra para fazer um bico nas horas vagas, ou vai viver deste ou dos outros aplicativos, mas a grande maioria acaba virando pirata, ou seja, a partir da freguesia feita, usa o próprio celular para ir vivendo, e na situação em que estamos, com tanto desempregado, como criminalizar essa gente?

O que se deve buscar é um meio termo para todo mundo, onde todos tenham os mesmos direitos e, principalmente, deveres, como pagamento de todos os impostos e taxas para o município, que todos tenham seguro de vida à mostra dentro de veículo para o usuário, sistema de ar-condicionado limpo e com selo de qualidade renovado a cada seis meses, que todos os carros sejam limpos, e fiscalizados sistematicamente pela CPTrans, que tem que admitir mais fiscais, pois hoje, não consegue fiscalizar nem mesmo os ônibus, vans escolares e táxis, quanto mais os de aplicativos e os piratas. Todos querem defender o seu cantinho, é da democracia, mas é preciso que o povo também, saiba optar pelo melhor serviço e não apenas a economia momentânea, que pode custar muito caro lá na frente, que as autoridades regulamentem usando já os bons exemplos vindos de outras cidades, o resto o tempo vai determinar. E quem oferecer hoje, com todos os problemas, mais educação, segurança e respeito, vai ficar no sistema, o restante vai sumir

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