Temer, Lula e Dilma, iguais em tudo

15/08/2017 12:00

Lula elegeu Moro como seu inimigo. Temer, o procurador Rodrigo Janot. Ambos, posam de inocentes. O primeiro, nunca viu nada e nunca soube de nada. O segundo, coitadinho, é apenas vítima de uma sórdida urdidura dos irmãos Batista e do procurador-geral da República.

Dilma, no olho do furacão, que a levou ao impeachment, usava as dependências do Palácio do Planalto, como palanque em defesa do mandato. Segundo Joesley Batista, chegou-se a articular a captação de recursos financeiros, a serem distribuídos a deputados federais, algo em torno de R$ 30 milhões, que pudessem impedir o recebimento do pedido de impedimento da presidente. Agora, Temer age com o mesmo propósito, em sucessivas reuniões palacianas. Transformou o gabinete em ‘bunker’ do mais escancarado mercado de compra de apoio parlamentar.

Mudando muito pouco do que pode ser mudado, todos eles guardam reais semelhanças. A rigor, nenhuma surpresa, porquanto identificam-se na origem e bem recentemente andavam alinhados. As diferenças podem ser marcadas apenas no que há de pior entre os três, notadamente a respeito do fisiologismo enraizado na alma do político brasileiro. 

Lula, embora tenha reconhecido a existência de 300 picaretas no Congresso Nacional, ao chegar ao poder, ajustou-se à realidade e fez alianças com quase todos, inclusive com desafetos históricos, via mercantilização do voto no Legislativo, que culminou com o escândalo do Mensalão. Temer não teve outro comportamento, comprou quem deveria comprar. Usou a caneta, o diário oficial e a liberação orçamentária de emendas parlamentares de alguns bilhões de reais, que irrigaram o projeto de reeleição de ‘suas excelências’, em camburões de votos perdidos pelo Brasil profundo. Terminou absolvido pela Câmara Federal, que o impediu de ser processado pelo Supremo Tribunal Federal, o primeiro presidente acusado de corrupção passiva em pleno exercício do mandato.

Dilma, inábil e inadaptada, ainda que em certo sentido verdadeira, partiu para o confronto. Deu-se mal, pois quando acordou já era tarde. Numa manobra que envolveu antigos aliados, uns bem próximos, como alguns ministros de seu governo, perdeu o poder e levou de cambulhada o lulopetismo. Após inaugurar a administração como faxineira da corrupção, ao defenestrar ministros herdados da gestão Lula da Silva, mostrar-se-ia logo tolerante com os malfeitos, como ocorreu em larga escala no escândalo do Petrolão. Ao final, ao expressar-se pela incompetência levada às últimas consequências, mergulhou a economia na mais grave recessão, levando à penúria e ao desemprego milhões de trabalhadores.

Temer já assumiu cercado pelo que havia de mais nefasto no conjunto de forças políticas que dominam o Estado no Brasil, com figuras carimbadas com assento no núcleo do poder no Palácio do Planalto. Alguns já foram afastados e até presos, enquanto outros seguem na lista negra da Lava-Jato, em situação crítica indefensável. No mesmo estilo de Lula e Dilma, ao invés de enfrentar os fatos, como os que foram revelados pelas gravações operadas nos porões do Jaburu, Temer sai pela tangente, agride amigos chegados, como Joesley Batista, hoje inimigo, e investe contra o procurador-geral da República, inquinando-o de suspeito para atuar em processos de seu interesse, numa orquestração adjetiva insustentável.

Equivalem-se todos, como se vê. Uns em menor ou maior escala ou proporção, mas todos nocivos ao regime democrático e ao processo de reencontro do Brasil com seu destino, como Pátria livre, desenvolvida e independente.

paulofigueiredo@uol.com.br

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