Ter duas bolsas de valores é bom para o País e bom para a B3, diz presidente da ATG

03/jul 14:09
Por Denise Luna / Estadão

A bolsa de valores da ATG, empresa do fundo de investimentos árabe Mubadala, já está em processo de aprovação pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e deve começar a funcionar no segundo semestre de 2025, com transações no mercado à vista de ações, aluguel de ações, venda e negociações de cotas de fundos, informou o presidente da ATG, Claudio Pracownik, que não descarta abrir o capital da nova bolsa no futuro.

“Em seguida, na fase dois, a gente vai para o mercado futuro de opções, derivativos, nós vamos estar em câmbio, nós vamos ter toda a cesta de produtos que a B3 também possui. E é importante dizer, trabalhando junto com a B3”, afirmou durante a cerimônia de sanção de uma lei municipal que reduziu impostos para viabilizar a instalação de uma nova bolsa de valores no Rio de Janeiro.

O grande obstáculo, que era a criação de uma Clearing (Câmara de Compensação), o investimento mais alto para a instalação de um novo mercado, foi resolvido com a criação de uma empresa própria para liquidação e compensação, depois que a B3 se negou a compartilhar o serviço. A B3, porém, será depositária das ações negociadas pela ATG, após uma arbitragem determinada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“Se o Cade não tivesse determinado uma arbitragem, que depois terminou em uma mediação, que concluiu com a assinatura de um contrato entre a ATG e a B3, como depositária, isso não seria possível”, disse o executivo, informando que a clearing da ATG será aberta a todos. “Esse contrato garante para a gente poder negociar os mesmos papéis. É lógico, com a adesão das empresas de capital aberto para que os seus papéis também sejam negociados na nossa bolsa. Nós estamos falando de dupla negociação dos mesmos papéis, dar maior liquidez”, explicou.

Pracownik informou que pretende trazer mais investidores para o mercado de ações brasileiro, avaliando que atualmente o volume negociado é muito pequeno, e já está indo para o terceiro road show internacional a fim de divulgar a nova bolsa para bancos na Europa e nos Estados Unidos. “A gente tem que pensar organicamente num mercado maior. Não é para dividir o mercado do jeito que está, pequeno. O mercado está ridículo, como nunca foi historicamente”, afirmou.

Segundo ele, é preciso pensar em um mercado maior no Brasil, e por isso vai trabalhar junto com a B3, com quem criou um grupo de trabalho. Para Pracownik, é inadmissível um País como o Brasil ter apenas uma bolsa. “Os Estados Unidos têm 16”, comparou.

“Ter duas bolsas de valores é bom para o País e, ouso dizer, é bom para a B3, porque amplia o mercado para todos. Você está falando, por exemplo, de poder comprar ações da Petrobras na B3 e vender na bolsa do Rio, se essa for a melhor cotação para o investidor”, disse o executivo, que aposta na maior liquidez que a concorrência trará para as ações negociadas no mercado brasileiro.

Ainda sem sede ou nome, Pracownik previu que até o final deste ano a nova bolsa estará tecnologicamente pronta para entrar em operação, e depois fará um teste de seis meses, durante o primeiro semestre de 2025, para começar a funcionar no segundo semestre. O início, porém, ainda vai depender da velocidade dos órgãos reguladores, admitiu.

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