Terminal Rodoviário do Centro volta a ser ocupado por moradores de rua

23/11/2019 10:15

Os usuários do Terminal Rodoviário do Centro voltam a dividir o espaço com as pessoas que vivem em situação de rua. A ocupação da área por pessoas em vulnerabilidade social pode ser observada em plena luz do dia e voltou a ocorrer à noite, período de funcionamento do terminal. A situação chegou a ser contida pela Guarda Municipal que instalou viatura no local. No entanto, desde que os agentes se retiraram, a população de rua voltou a ocupar o espaço. Ontem, por volta das 13h, um grupo se acomodou com seus pertences, caixas de papelão, cobertores, carrinhos de mão, entre outros, próximo ao sanitário público. 

A doméstica Silvia Nair Florencio, de 50 anos, é usuária do terminal e frequentemente observa a permanência da população em situação de rua no local. “Há duas semanas observo que eles começaram a voltar para o terminal. Durante a noite piora e fica perigoso, porque muitos usam drogas, são alcoolizados e nos abordam”, destaca a doméstica. A combinação pessoa em vulnerabilidade e usuário de algum tipo de droga muito comum. Morador da Posse, Ronaldo Silva de Oliveira, de 53 anos , embarca e desembarca no terminal e ressalta que grande parte das pessoas que ocupam o local usam droga. “Antigamente havia muito mais segurança por aqui. Durante a noite não se vê policiamento por aqui. Tem muitas pessoas alcoolizadas que fica por aqui, abordando as pessoas”, destaca. 

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 De acordo com dados da Secretaria da Assistência Social, 70% das pessoas atendidas são usuários de algum tipo de drogas e são encaminhados, quando aceitam o cuidado, para as unidades de tratamento da rede, como o Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas. Atualmente, aproximadamente 150 pessoas em vulnerabilidade são atendidas pela Secretaria de Assistência Social por meio do Centro de Referência Especializada para População em Situação de Rua (Centro Pop), na Rua Souza Franco e cleo de Integração Social (NIS), no Alto da Serra. 

Em recente mapeamento foi identificado que o primeiro distrito concentra 75% da população de rua, que se distribui em 15% pelo terceiro distrito, sendo os demais diluídos pelo restante da cidade. Com maior aglomeração de pessoas em vulnerabilidade, o Centro possui alguns pontos de concentração dessa população. Por ser um a área com maior cobertura para o abrigo, principalmente em dias de chuva, o Terminal Rodoviário sempre foi um dos destinos para a instalação das pessoas em situação de rua. 

A comerciante do terminal, Ana Cristina Barbosa, de 31 anos, destaca que a ocupação do local é recorrente. “No período que a Guarda Municipal esteve aqui diminuiu bastante, mas agora já estão voltando. Houve período que se formavam dormitórios por todo o terminal e tememos que isso volte a acontecer. É uma situação bem complicada, pois muitos fazem abordagens aos clientes e nos sentimos inseguros”, destaca. 

Equipes do Centro Pop fazem abordagens para a retirada da população de rua

Em nota, a Secretaria de Assistência Social informou que mantém uma equipe de domingo a domingo para suprir as demandas relacionadas a população em situação de rua, a fim de resguardar tanto os direitos dos cidadãos quanto o das pessoas em vulnerabilidade. Quando há risco da integridade dos envolvidos é necessário o acionamento da Guarda Civil ou Polícia Militar. O órgão especificou ainda que o Centro Pop atende cerca de 130 pessoas, ofertando atendimento psicossocial, alimentação e garantindo a higiene pessoa. A Guarda Civil mantém rondas de patrulhamento preventivo periódico tanto na parte interna do Terminal do Centro quanto no entorno.

A abordagem pelas ruas para o encaminhamento da população em situação de rua  às unidades especializadas, como o NIS e Centro Pop, fazem parte da atuação do poder público, mas o acolhimento das pessoas depende da aceitação dos próprios. As equipes da Secretaria de Assistência Social realizam o trabalho durante o dia e a noite. As pessoas são orientadas a procurarem a assistência Centro Pop, onde são oferecidos atendimento psicossocial, banho, café da manhã, encaminhamento para o almoço no restaurante popular, além de atividades, palestras e oficinas com o objetivo de reintegração social e recolocação no mercado de trabalho. O acolhimento Mesmo com a oferta de acolhimento no NIS, muitos não se deslocam e preferem permanecer na rua. 

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