Textor salvou o Botafogo? Veja trajetória da Série B à quase final da Libertadores em 4 anos

24/out 12:35
Por Estadão

A goleada do Botafogo sobre o Peñarol pela semifinal da Copa Libertadores levou os botafoguenses a uma euforia semelhante ao que foi vivida na disputa do título do Brasileirão do ano passado. A diferença, agora, é que a equipe está praticamente classificada à final do torneio continental e, portanto, mais perto de vencer, enquanto a disputa do campeonato nacional no ano passado foi perdida com um forte declínio na reta final.

Toda comemoração fez com que virasse pauta a comparação da situação do time há quatro anos, antes de o empresário norte-americano John Textor comprar a SAF do Botafogo. Nas redes sociais, torcedores afirmam que ele “salvou” o clube e alguns elogiam o trabalho feito desde o negócio.

Em 2020, o Botafogo foi o lanterna do Campeonato Brasileiro, com 27 pontos nas 38 rodadas. O time terminou o torneio com apenas cinco vitórias. A terceira queda da história do clube foi confirmada na 34ª rodada daquela edição, após a equipe perder por 1 a 0 para o Sport no Engenhão.

O Campeonato Brasileiro de 2020 terminou em 2021, devido à pandemia de covid-19. Na época do rebaixamento, portanto, o clube já estava sob comando de Durcesio Mello, que encabeçou mudanças administrativas, com reformulação do departamento de futebol e contratação de um CEO, Jorge Braga.

A temporada seguinte marcou reformulação no elenco, com mais da metade dos atletas deixando o clube. Chay e Rafael Navarro passaram a ser alguns dos destaques daquele time. Entretanto, eliminações no Campeonato Carioca e na Copa do Brasil ainda reverberavam a tragédia vivida no Brasileirão.

A Série B também começou ruim e provocou a saída de Marcelo Chamusca, trocado por Enderson Moreira. No final do ano, os torcedores puderam voltar aos estádios pelo País, o que elevou ainda mais o sentimento de alento dos botafoguenses, que comemoraram acesso na antepenúltima rodada. Posteriormente, o título ainda deu direito ao clube começar a Copa do Brasil já na terceira fase.

Os últimos dias de 2021 reservaram a proposta de John Textor para a compra da SAF do Botafogo. O empresário passou a deter 90% da sociedade anônima, por R$ 1,4 bilhão, com aporte inicial de R$ 100 milhões. Foi um ano para a reconstrução do time, que não teve grande sucesso desportivo. Em 2022, chegou ao Rio o técnico português Luis Castro.

O treinador iniciou 2023 criticado pela torcida, principalmente pelo desempenho decepcionante no Campeonato Carioca. Entretanto, o começo do Brasileirão mostrou, em campo, que o clube já não vivia a mesma situação. A liderança no torneio nacional foi conquistada e mantida. Nem mesmo a saída de Castro para o Al-Nassr abalou o Botafogo, que abriu 13 pontos de vantagem na ponta.

A queda veio no segundo turno, com mudanças de técnicos, uma derrocada impressionante e a ultrapassagem do Palmeiras liderado pelo garoto Endrick na busca por mais um título nacional. A decepção foi motivo de piada e houve dúvidas sobre se o modelo do Botafogo realmente seria vencedor.

Ainda assim, em maio de 2024, quando Textor anunciou o desejo de vender sua participação no Crystal Palace, da Inglaterra, ele mencionou o trabalho desenvolvido no Botafogo e outros clubes que pertencem à Eagle Football Holding. “No Botafogo, no Brasil, ressuscitamos um clube histórico da falência na 2ª divisão para lutar por campeonatos no topo da Série A”, dizia o comunicado.

A temporada 2024 foi marcada por ainda mais investimentos. Segundo o relatório consultoria Convocados, o Botafogo apresentou uma receita de R$ 355 milhões em 2023, com gastos em R$ 444 milhões. Em 2024, a SAF alvinegra investiu R$ 373,2 milhões somando as duas janelas de transferências, com destaque para as contratações de Thiago Almada (R$ 137,4 milhões) e Luiz Henrique (R$ 106,6 milhões), as duas mais caras da história do futebol brasileiro.

Mais do que recursos financeiros, o Botafogo conseguiu ter sucesso com o trabalho de scout na busca mais precisa por atletas. Assim, acertou com Alexander Barboza e Igor Jesus, dois destaques do time em 2024 e que marcaram um gol cada na goleada sobre o Penãrol, na noite de quarta-feira.

Textor é partidário da gestão arriscada, em que se gasta para aumentar as receitas do clube e, a longo prazo, torná-lo sustentável. Em 2023, os valores a pagar foram de R$ 868 milhões para R$ 1,3 bilhão. A atual gestão prevê uma diminuição de R$ 500 milhões em pendências financeiras neste ano.

O balanço de 2024, como de praxe, só será conhecido em 2025. Até lá, o Botafogo pode finalmente sair de uma fila de quase 30 anos sem um grande título – o último foi o Brasileirão de 1995. O fim do jejum pode se dar novamente na competição nacional, em que lidera, mas vê novamente o Palmeiras próximo, com um ponto de diferença, ou na Libertadores, após confirmar a inédita classificação à final.

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