Tiroteio em universidade deixa ao menos oito mortos na Rússia
Ao menos oito pessoas morreram nesta segunda-feira, 20, em um tiroteio no campus da Universidade Estadual de Perm, cerca de 1.300 quilômetros a leste de Moscou. Agências internacionais dão versões diferentes sobre o atirador, que foi identificado como estudante.
“Um estudante que estava em um dos edifícios da universidade abriu fogo contra as pessoas ao seu redor”, afirma um comunicado do organismo responsável pelas investigações mais importantes do país.
“Em consequência, oito pessoas morreram e várias ficaram feridas”, completou o comitê, antes de destacar que o número de vítimas “ainda está sendo determinado”.
As motivações para o crime não foram divulgadas.
Segundo a AFP, o autor foi detido e “ficou ferido durante a detenção ao opor resistência”, informou o Comitê de Investigação Russo. De acordo com a Reuters, o atirador dos disparos está entre os mortos, disse Natalia Pechishcheva, porta-voz da universidade.
Incidentes similares aumentaram na Rússia nos últimos anos e provocaram um endurecimento da legislação sobre o uso de armas.
Vídeos publicados nas redes sociais mostram estudantes fugindo do tiroteio e pulando pelas janelas do primeiro andar de um dos prédios do campus.
Outra gravação, feita a partir de uma janela, mostra um indivíduo vestido de preto atirando e caminhando na direção da entrada do prédio.
“Havia cerca de 60 pessoas na sala de aula. Fechamos a porta e a protegemos com cadeiras”, disse o estudante Semyon Karyakin à Reuters.
Alunos construíram barricadas com cadeiras para impedir o atirador de entrar em suas salas de aula, afirmaram testemunhas.
O atirador, que foi identificado como estudante da própria universidade, não teve o nome divulgado, entrou no campus às 11 horas pelo horário local (3h de Brasília), de acordo com o serviço de comunicação da universidade.
A mídia local identificou o atirador como um estudante de 18 anos que havia postado anteriormente uma foto nas redes sociais posando com um rifle, capacete e munição.
“Eu pensei sobre isso por muito tempo, já se passaram anos e percebi que havia chegado a hora de fazer o que eu sonho”, disse ele em uma conta de mídia social atribuída a ele, que mais tarde foi retirada do ar.
Ele indicou que suas ações não tinham nada a ver com política ou religião, mas foram motivadas pelo ódio.
‘Fenômeno’ em alta
A Rússia tem restrições estritas à posse de armas de fogo por civis, mas algumas categorias de armas estão disponíveis para compra para caça, autodefesa ou esporte, uma vez que os possíveis proprietários passaram nos testes e cumpriram outros requisitos.
Os tiroteios em escolas ou universidades eram raros na Rússia – que tem uma legislação rigorosa de controle de armas -, mas se tornaram mais frequentes nos últimos anos.
Para o presidente Vladimir Putin, trata-se de um fenômeno importado dos Estado Unidos e um efeito perverso da globalização.
Outros casos
O incidente anterior do tipo havia acontecido em 11 de maio de 2021, quando um jovem de 19 anos abriu fogo contra uma escola de Kazan (sudoeste) e matou nove pessoas.
No mesmo dia, Putin ordenou uma revisão das normas sobre o porte de armas, pois o autor do ataque tinha permissão para o uso de uma semiautomática.
Depois do episódio, a Rússia aumentou a idade legal para a compra de armas de 18 para 21, mas a nova lei ainda não entrou em vigor.
Em outubro de 2018, um estudante matou 19 pessoas antes de cometer suicídio em um instituto de Kerch, uma cidade da península ucraniana da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.
As autoridades afirmam que desmantelaram nos últimos anos dezenas de planos de ataques contra centros de ensino, normalmente por parte de adolescentes.
Em fevereiro de 2020, as forças de segurança prenderam dois jovens, nascidos em 2005 e de nacionalidade russa, que eram muito ativos em fóruns virtuais com a apologia ao assassinato e suicídio.
De acordo com os investigadores, eles planejavam atacar um centro de ensino em Saratov (sudoeste), às margens do Volga.