Todos na era do cofrinho: comércio sofre com falta de moedas em circulação
Estudo divulgado pelo Banco Central revela que 19,3% da população ainda guardas moedas por mais de seis meses. Segundo o estudo, 56,2% utilizam as moedas guardadas para quitar dívidas. O BC destaca que quanto mais moedas ficarem em circulação, menor será o gasto de recursos públicos com a produção de dinheiro.
Em Petrópolis, alguns comerciantes carecem por falta de moedas. Os consumidores evitam sair na rua com o dinheiro ou estocam as “preciosidades” em seus cofres particulares.
Para a comerciante Renata Munch, a falta de moedas afeta muito o comércio local, inclusive para quem trabalha com pequenos preços.
“Hoje a maioria das pessoas estão juntando moedas para viajar ou comprar presentes no final do ano, é uma loucura para quem precisa de troco no comércio. O ideal seria que os poupadores trocassem as moedas por notas, e aplicassem no banco, o resultado seria muito melhor e o dinheiro circularia. Aqui falta moeda de um real, geralmente é que fica guardada nos cofrinhos”, conta Renata.
O servidor público, José Oman, de 52 anos, sempre teve o costume de juntar moedas para compras de final de ano, porém, tem deixado a prática de lado.
“Eu guardava moedas de um real nos cofrinhos, geralmente para comprar os presentes dos meus filhos no final do ano ou realizar uma viajem. Sempre consegui fazer o que esperava guardando as moedas, as crianças adoravam. Hoje, com os filhos já grandes e um dos meus filhos indo estudar fora, não tenho mais o hábito de guardar as moedas”, conta.
Nos ônibus, os cobradores já saem preparados com moedas para troco, no entanto, quase 70% dos usuários utilizam os cartões, segundo informações da Setranspetro.
Em entrevista a Agência Brasil, Fábio Bollmann, chefe-adjunto do Departamento do Meio Circulante do BC, disse que o Banco Central considera positivo que os consumidores guardem dinheiro, mas orienta a troca por cédulas. “Ideal que se troque as moedas por cédulas sempre que atingir um valor maior, no comércio ou no banco, para ajudar na circulação de dinheiro”, afirma.
O Banco também diz que o dinheiro vivo ainda é o meio de pagamento mais utilizado pela população: 96,1% responderam que, além de outros meios, também fazem pagamentos em espécie. Na questão, os entrevistados podiam marcar mais de uma opção – 51,5% mencionaram cartão de débito e 45,5%, cartão de crédito.
De acordo com o chefe do Departamento do Meio Circulante do BC, Felipe Frenkel, 8 bilhões de moedas estão guardadas “em algum lugar”. Ele destacou que quanto mais moedas ficarem em circulação, menor será o gasto de recursos públicos com a produção do dinheiro.