Fernando Costa: Todos os Santos e Finados

02/11/2021 08:00
Por Fernando Costa

Quando estamos na flor dos anos não existe em nossos planos a palavra morte e o dia de finados é tão somente um feriado a mais para irmos à praia, a piscina, comermos churrasco e tomarmos cerveja… O de 2021  recai numa terça-feira o que significa a esticada, para alguns,  em mais um início de semana. Cultuamos essa tradição cristã que vem desde a antiguidade quando os judeus já o destacavam em seu calendário que se devesse rezar pelos mortos. O Catecismo da Santa Igreja dá relevo, nos direciona as orações pelas almas do purgatório e sua purificação. O culto à memória, à história tanto de âmbito familiar quanto de um modo em geral deve ser preservada. Peçamos a intercessão das Santas Almas. A morte nivela a humanidade. Ela existe para todos sem distinção de classe social ou do poder econômico. Fátima Cruz, minha irmã no benquerer, agora nos céus, me acompanhava ao cemitério em datas festivas tal como aniversário, natal, páscoa, finados, dia dos pais e das mães. E rezamos por todos, conhecidos e desconhecidos, arremessamos pétalas de rosas ao ar e ornamos os mausoléus familiares e cumprimos a liturgia das exéquias. Finados marca a celebração da vida eterna das pessoas queridas que já residam na pátria espiritual. No século 1º, os cristãos  deram início ao culto aos falecidos. Eles costumavam visitar os túmulos dos mártires nas catacumbas para rezar pelos que morreram sem martírio. No século 4º, a Memória dos Mortos passou a ser lembrada na celebração da missa. E desde o século XI, os Papas Silvestre II (1009), João XVIII (1009) e Leão IX (1015) conclamam a comunidade a dedicar um dia por ano aos mortos, porém o dia 02 de novembro foi estabelecido no século XIII, porque no dia 1º de novembro é a festa de “Todos os Santos” isto é, aos que mesmo não canonizados permaneceram em estado de graça. Todos os dias se precisam estar conscientes de que a morte é uma transição e faz parte da vida. Ela é natural. Foi experimentada por Jesus Cristo – e morte de cruz, para redimir a humanidade. Ainda assim as limitações humanas provocam em nós medo e insegurança. E morreremos para a carne sem exceção.  Vivemos o dia de finados. Nas Sagradas escrituras, em Hb 9,27 estão prescritos: “Estote parati, quia qua hora non putatis, Filius hominis veniet” – “Estai prevenidos, porque na hora em que menos pensais virá o Filho do Homem”. São Paulo aos Filipenses diz: “Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro.”   São Gregório  falou que Deus nos oculta, para o nosso bem, a hora da morte, a fim de que estejamos sempre preparados para morrer. Disse São Bernardo que “a morte pode levar-nos em qualquer momento e em qualquer lugar, por isso, se queremos morrer bem e salvar-nos, é preciso que a estejamos esperando em qualquer tempo ou lugar.” Santo Agostinho nos lembra de que “para aquele que não quis salvar-se quando pôde; agora, quando quer, não o pode”. Ao compulsar a Regra de São Bento ela aconselha aos monges a manterem a morte diariamente diante dos olhos. Essa consciência da morte os torna cada vez mais vivos. É o que precisamos. Estarmos atentos. Se nos acostumarmos óbito nos desprendemos do mundo. Vivamos cada dia e tirarmos da cabeça as palavras doença e sofrimento. Serve de alerta, mas a Providência Divina é misericordiosa. Ao chegar à derradeira hora no momento final, haveremos de contar com a presença de Nossa Senhora, os  Anjos da Guarda e os eleitos do Cânon Celestial a nos conduzir até o Altíssimo para a sentença final na esperança de que ela seja absolutória. 

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