Tragédia socioambiental pode aumentar casos de Covid-19 na cidade

24/02/2022 15:35
Por Vinícius Ferreira

O mês de fevereiro vem confirmando uma tendência que já era crescente antes da fatídica tarde do dia 15, quando o temporal devastou a cidade, deixando um rastro de destruição com mais de 200 mortos, 48  desaparecidos até o momento e pelo menos seis mil pessoas desabrigadas ou desalojadas, os casos de Covid-19 já vinham crescendo.

Neste mês foram 26 mortes confirmadas pela doença até o dia do temporal. Número que já supera as 24 mortes registradas ao longo de todo o mês de janeiro. Na semana da tragédia, o Painel Covid-19 não foi atualizado, e atualmente constam apenas sete mortes suspeitas sob análise. Com a concentração de famílias em abrigos, cerca de 1.300 pessoas em 22 pontos espalhados pela cidade, além da dificuldade com o processo de testagens, deixam Petrópolis em um cenário que pode ser caótico também no enfrentamento à pandemia.

No painel da Covid-19 do município, ainda não consta se há registros de mortes pela doença desde o dia 15. Aponta, no entanto, com dados atualizados nesta quinta-feira (24), que a taxa de ocupação dos leitos de clínicos é de 13,11% e 17,86% nos de UTI, ambos na rede pública (dos pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde – SUS). Até o dia 15,  mesma taxa de ocupação era, respectivamente, de 24,59% e 34,29%. Ou seja, houve queda. A cidade consta como risco baixo no painel da Covid-19 do Estado do Rio de Janeiro.

Há, no entanto, uma preocupação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro – MPRJ que, na última terça-feira (22), visitou oito dos 22 abrigos de Petrópolis (dos quais 14 são administrados pelo município e oito pela sociedade civil) que recebem pessoas que perderam suas casas nas chuvas ou foram desalojadas por viverem em áreas de alto risco. Sete dos abrigos visitados estão sob responsabilidade da Prefeitura.

De acordo com o MPRJ, há “surtos de piolho e casos de Covid-19”. “Qualquer aglomeração, ainda mais na pandemia, tem que ser priorizada. Amanhã (quinta, 24) vamos fazer um plano de ação com ações emergenciais. Os casos emergenciais, já mandamos para a Defesa Civil, e estamos em contato com a Secretária de Saúde”, disse a promotora Vanessa Kats, em entrevista coletiva após a fiscalização em Petrópolis, o MPRJ ainda anunciou ações de desinfecção para reduzir o risco de contágio pelo novo Coronavírus.

Testagem

Antes da tragédia, as pessoas assintomáticas que tiveram contato com infectados e desejavam fazer o exame para Covid-19, precisavam agendar o atendimento nos Postos de Saúde da Família – PSF ou Unidades Básicas de Saúde – UBS mais próximas de suas casas. Eram seis os polos de testagem e atendimento: UPAs Centro e Cascatinha, UBS Itaipava, Liceu Carlos Chagas, UBS Quitandinha e Pronto-Socorro Leônidas Sampaio (Alto da Serra). Desses locais, três foram afetados pelas chuvas da terça-feira da semana passada.

A UPA do Centro Histórico está interditada pelo deslizamento de terra nos fundos da unidade. Além disso, o acesso à UPA está prejudicado pelos estragos causados pela chuva nas rua Washington Luiz. O Pronto Socorro do Alto da Serra também foi atingido por um deslizamento de terra, na parte dos fundos da unidade, e a UBS do Quitandinha, invadida pelo alagamento da rua General Rondon, precisou fechar para a limpeza.

A vacinação contra a Covid-19 se tornou outro problema em meio ao caos causado pelas chuvas. O serviço foi interrompido, mas já foi retomado. Segundo a Secretaria de Saúde, na quarta-feira (23), as equipes da Secretaria de Saúde aplicaram 1.064 doses da vacina. Foram 681 doses de reforço, 130 aplicações de segunda dose e 253 de primeira. No total, a cidade conta com 256.361 vacinados com a primeira dose, 228.053 com a segunda dose e 109.454 com a dose de reforço (terceira aplicação para o público em geral e quarta para imunossuprimidos). A dose única chegou a 6.805 pessoas desde o início da campanha de vacinação e a dose adicional a 1.312 imunossuprimidos.

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